DOIS AMORES
DOIS AMORES
Sem se aperceber, lentamente ela foi se aproximando e conquistando o fechado conde. Uma história que começara na Roma clássica, Quintilius quinto, jovem capitão da guarda pretoriana fora treinado para ser um soldado, seu condicionamento era completamente militar. O Imperador Nero em sua ação insana queria a conquista dos territórios da Gália, mas os bárbaros vindo do norte impunham um empecilho muito forte para tal proeza. Então fora o designado o centurião Maximius, General muito conceituado e que gozava da confiança não só dos soldados, mas também dos altos postos da política romana. Quintilius fora chamado para encabeçar uma das legiões, quando um fato inesperado acontece na vida do jovem capitão. Conhece ele então a filha do senador Eubrasio em uma das festas oferecidas pela corte romana, e assim que colocara os olhos naquela jovem a paixão tomou conta do jovem capitão e para o amor foi um passo. Faltando duas semanas para que Quintilius se apresentasse ao General Maximius, ele se encontra com Adálias e ouve que vai ser pai. Começa então o calvário do jovem capitão dividido entre o amor e a carreira militar, duas forças extremamente fortes que o sufoca e faz o jovem Quintilius ficar em tremenda confusão, o que fazer? Seguir na jornada que o levaria a uma suposta glória na defesa de Roma, ou ficar e abraçar de vez o amor de Adálias. A decisão torna-se mais difícil quando descobre que todos os desertores das legiões romanas são julgados sumariamente e condenados a morte na mais triste condição crucificado.
Quintilius toma a mais difícil decisão de sua vida, num beijo enternecido diz adeus a Adálias . A Batalha dura cinco longos anos, quando cansados as legiões voltam a Roma sem levar o tão sonhado premio da vitória. Mas para o alquebrado capitão resta o consolo de visitar sua amada e rever sua querida Adália. Ao chegar diante de sua casa, é tomado por uma súbita sensação de espanto quando encontra um brasão diferente daquele que havia deixado quando partiu. Ao bater no portão eis que chega alguém e lhe procura o que deseja. Quintilius se identifica, mas o soldado não o deixa entrar dizendo que ali morava o General Marcelius. Quintilius indaga sobre Adália e o soldado informa que ali também mora Adália, mas que esta era a esposa de Marcelius. Desolado, Quintilius retorna a uma pequena casa que tinha no subúrbio de Roma. No outro dia volta ao palácio e procura Marcelius, e este lhe diz que Adália teria sido um presente dado pelo Imperador a ele. Desesperado Quintilius tentar matar o General, mas é preso, julgado e condenado as Galés. Quando estava nas masmorras recebe uma visita. Seus olhos mal podem acreditar no que vê , ali está diante dele Adália, seu grande amor. Quintilius diz ao carcereiro que não quer falar com aquela mulher. Adália segue seu rumo, volta a sua casa e nunca mais se vêem, em sua mente só ficara uma certeza que ao amor que tinha por
Adália não fora correspondido e que nenhuma razão seria suficientemente justa para que Adália tivesse lhe abandonado.
O tempo segue seu curso como as águas percorrem vales,colinas e num salto no tempo estamos na França.
A linda Condessa Anete Lefrev se apaixonara perdidamente pelo Conde de Demoun , um senhor de meia idade, um pouco fechado mas que inspirava a segurança dos soldados que de peito aberto enfrentavam a morte sem se preocupar com sua própria vida. O sarau estava todo festivo, os convidados se amontoavam no amplo salão, os mexericos da própria corte era o assunto que mais se falava. Anete resolve num salto de um grande impulso, tomar a dianteira e puxar conversa com o austero conde. As primeiras perguntas, embora respondidas com muita educação e gentileza, traziam como frente uma defesa, como se quisesse o Conde não permitir que aquela linda condessa penetrasse em suas barreiras, e as defendia como se defendesse o próprio Napoleão. Mas aquela linda mulher trazia nos olhos um brilho diferente, aqueles olhos negros naquela figura esguia e bela trazia-lhe recordações que ele não sabia dimensionar, embora lutasse para manter suas fileiras livres daquele ataque, não conseguia, e ficara encantado com aquele encontro e suas inquietações foram se desfazendo, culminando com o convite vindo por parte do Conde para que Anete o visitasse. Como acertado o coche chegara a casa do Conde , uma linda casa em uma propriedade aos arredores de Paris, ela passeava com sua mão sobre a de Demoun e sentia algo diferente, as palavras os jeitos daquele senhor lhe pareciam familiar, mas o destino segue o seu curso e ela casa se com o Conde.
Depois de dez anos juntos eis que chega a casa do Conde um jovem jardineiro e com muita maestria cuida das flores e do jardim daquela mansão, quase sempre ali estava Anete com aquele jardineiro ouvindo-as suas histórias suas dores, seus amores. Para a paixão foi um passo, e num dia onde o sol reluzia no céu com muita intensidade, a vida do Conde se escurece e mais uma vez a sua amada é tomada de seus braços, de tristeza
o Conde Demoun se refugia nas montanhas vindo a morrer com muita tristeza e saudade de sua Anete, Ela por sua vez após perder todas as suas posses é abandonada pelo jovem jardineiro, vindo também a se reclusar na casa de sua Mãe, ainda tentara buscar e reencontrar seu antigo amor, mas a vida não lhe permite e nunca mais ela o encontra.
Assim é a vida, repleta de ciclos que se repetem, onde cada coisa cada fato que fazemos tem uma repercussão e por mais que o tempo passe as lembranças de nossas alegrias e de nossas tristezas estão sempre a nos reencontrar, por vezes cobrando ou também nos ressarcindo presenteando pelas boas sementes que podemos semear.A vida sempre está a nos colocar diante de inúmeras situações , entre viver um grande amor ou ouvir a voz da razão ou do coração, porém a vida nunca espera , mas o amor sempre esperará e quem sabe Quintilius quinto o jovem capitão das legiões romanas esteja em cada um de nós, assim como Adálias , que se amavam como almas gêmeas , mas foram alcançados pela lei da dificuldade que a vida por vezes sempre nos impõe..
Bsb 26 de setembro 2002