Uma Rosa para Berlim
Sinto alguém passando a mão em meu rosto e acordo. É Erna que me
acorda. Levanto e não vejo minha arma.
- Sumi com ela! - Disse Erna me amparando - Vamos nos misturar ao povo e desa
parecer. Não somos visadas. Para isso temos que sair daqui.
- Então vamos sair daqui! - Falo me ajeitando - E o mais rápido possível!
- Consegui pães com um dinheiro que peguei no casarão - Disse Marija chegando.
E ela distribui pão para todos os presentes. E aceitam com prazer. Comemos com
gosto e um senhor chega com um leite que distribui a todos. E bebemos e depois
nos despedimos de todos e saímos misturadas a um grupo que se desloca para mais a oeste. Nós Embarcamos em uma camionete e seguimos até onde eu morei.
Nada mais encontrei. Só escombros por todos os lados. Fico triste e saio com as
duas dali e vamos parar na casa de Erna. Destruída. Marija nos leva para almoçar
em um restaurante que permanece de pé e comemos uma macarronada e bebe
mos um suco. Ela paga e saímos dali. Começamos a olhar Berlim em seu estado
atual: Destruída. Escombros por todos os lados. Pessoas procuram seus entes
queridos. Pessoas chorando. Pessoas tentando reconstruir suas casas em peda
ços. E eu sem saber o que fazer da vida. Erna mais perdida do que eu. Marija pare
ce mais pé no chão.
- Tem uma casa aqui em Berlim que é de uns parentes meu. Vamos até lá e ver o
que temos. Talvez alguém que nos oriente.
- Você quem manda! - Falo meia desiludida - Vamos logo.
Erna mostra seu dinheiro a um Mercedes que passa e faz sinal. Vê que ele pára e
vai até ele. Eu fico olhando para tudo. Então sou puxada por Maria e entramos no
carro. Erna vai na frente. E em menos de quinze minutos chegamos em uma vila
de casas pouco destruída. Marija aponta uma casa verde desbotado e nos leva até
lá. Chegamos e ela percebe a porta aberta. Empurra e entra. Tudo abandonado.
Andamos por todos os cômodos: dois quartos e uma cozinha. Sala, banheiro e
copa. Os móveis empoeirados e um bilhete que Marija pega e lê. Nos olha.
- Foram para fora do país. Vamos ficar por aqui.
Vou até a porta e olho para o que resta de Berlim. Um jardim me chama atenção.
Rosas florescem com muita saúde. Significa que Berlim vai se reerguer.
- bonito jardim! - Disse Erna me abraçando.
- Muito bonito mesmo! - Falo olhando para pessoas que passam na rua.
- Podemos recomeçar nossas vidas? - Pergunta Marija rindo.
- Claro! - Falo apertando ela em meus braços. Erna se junta a nós e começamos
a chorar por tudo que passamos. Depois sentamos no chão e nos calamos. Fica
mos ali apreciando as rosas que floresceram.