Uma Rosa para Berlim - Fuga para sempre 2

A noite chega e eu estou ao lado de Ertha. Pergunto :

- Por quê quer fazer a fuga hoje?

- Berlim está sem energia o que vai facilitar nossa fuga. E se planejar muito, pode

surgir traição.... Prefiro agir rápido e de surpresa. Quem quiser me seguir sei para

onde ir - Sorri e toca minha cabeça - seria melhor se nos dividíssemos.

- Os russos teriam dúvidas de nossa direção! - Completo - devem seguir seu cami

nho que eu puxo os russos para mim. Estou indo para o oeste e vocês vão para o

sul e façam o menor alarde possível.

- Mas... Vai ser ruim para vocês! - Fala Ertha me olhando com ar de preocupação -

Acho que os dois grupos devem agir ao mesmo tempo.

- Quanto menor o número de integrantes,... Melhor para se esconder.

- Você quem sabe! - Disse Ertha se levantando da cadeira que trouxe e sentou.

- Vão se arrumar! - Gritou Yuri de longe - sejam rápidas!

E eu vou para o quarto e me arrumo sem grande vontade. Uso vestido negro e bo

tas da mesma cor. Passo um baton e penteio meus cabelos. Depois desço tranqui

la e sorrindo. Parece que sou uma das últimas pois, a sala está cheia de militares

e as meninas trabalham servindo bebidas e petiscos. A música é Lili Marlon.

- Vá até o general e o sirva - Disse Yuri me puxando e pondo uma bandeja com

Uma garrafa de vinho do Porto e um copo na minha mão. Obedeço e vou até o ofi

cal e o sirvo. Ele fica me olhando e me saboreando com os olhos. Olhar vulgar.

E eu encho o copo dele o máximo possível e mando um beijo e ele Sorri entrando

todo o conteúdo na boca. Engole. Olho para Ertha ao lado embebedando seu clien

te. Lale Senta no colo de um tenente e faz ele beber feito gambá. E assim corre

quase uma hora quando, Erna vai para os fundos e depois a vejo aparecendo com

uma metralhadora russa. Vou até ela e vejo Marija com uma metralhadora inglesa.

Olho para Ertha e vejo ela meter uma garrafa de vodka na cabeça de um senhor.

Com o barulho todos param e as garotas correm para a porta. Erna dá uma rajada

e Marija dá outra nas pernas dos russos. Gritaria total. Pego uma metralhadora

inglesa e as munições. Abrimos fogo nas pernas de todos e saímos correndo. Uma

das meninas volta correndo e gritando :

- Tem soldados aí fora!

Corro até a porta e abro fogo cerrado. Derrubo quatro e Marija o resto. E as garotas

se embrenham na escuridão atrás de Ertha. Eu, Erna e Marija abrimos fogo e cor

remos para o oeste logo atrás delas. Aparecem tropas e resolvo parar.

- Corram que vou cobrir vocês! Faço eles pararem! - Falo baixo.

- Vai precisar de ajuda! - Disse Erna a meu lado - duas faz mais barulho e vai con

vencê-los a parar.

- Também ficarei! - Disse Marija se pondo a meu lado - deixe que elas fujam!

Enquanto atiramos em dois veículos militares que tentam se aproximar. As outras

meninas desaparecem na escuridão. Gerda Mende volta e nos ajuda. E passo a mi

rar o motorista de um jipe que se aproxima. Acerto ele em cheio e o jipe bate em

um poste retorcido. Erna metralha e acerta dois soldados.

- Pode ir Gerda! - Disse Erna me puxando para correr atrás de Gerda. Esta desapa

rece e ficamos só as três e rumamos para o norte, puxando os russos que tentam

nos interceptar. Corremos entre os escombros e entramos em um prédio desaba

do. Vamos para os fundos e chegamos em uma avenida oposta. Mal iluminada,

conseguimos ganhar terreno e chegamos até pessoas civíis que usam lanterna.

Começamos a ganhar terreno e então chegamos em um local onde tem um bunker

com alguns russos por perto. Abrem fogo e respondemos prontamente. Todos

eles caem e Fugimos dali. Corremos para junto da multidão que se dirigem para

algum lugar e nos misturamos a eles. Nos olham desconfiados mas, percebem

que somos compatriotas. Procuram nos encobrir. E os seguimos por uns quinze

minutos e tomamos outro rumo. Não queremos colocar eles em risco.

- Vamos ter que parar e descansar por hora! - Disse Erna mostrando cansaço.

- Vamos parar junto aos escombro de um prédio adiante - Disse Marija.

- Quê escombros? - Pergunto tentando ver algo pois, está muito escuro.

- Onde brilha aquela vela! - Disse Erna apontando umas velas acesas ao longe.

E vamos para lá e encontramos outras pessoas desabrigadas. Nos olham descon

fiados mas abrem caminho. Sentamos ao fundo onde tem uma fogueira com as

crianças em volta. Nos juntamos às mulheres e sentamos.

- De onde são? - Pergunta uma senhora sem nos olhar.

- De Berlim mesmo! - Respondi prontamente - morava próximo ao Reichstag.

- Agora vai comer o pão que o diabo amassou - Fala ela rindo - Descansem que o

amanhã será longo.

Me encosto em uma pilastra larga e não vejo mais nada.