Uma Rosa para Berlim - O Encontro

Mais tarde paramos em um casarão semi destruído e somos levadas para

dentro. Mais mulheres estão lá. Rostos tristes e derrotados. Todas limpas e cheiro

sas. Banho tomado. Nos levam até um quarto e nos deixam lá. Estamos sem saber

o que vai acontecer. Um beliche e uma cama quase ocupam todo o quarto.

- Venham comer! - Gritou uma vóz rouca - E Prestem atenção no que vão falar.

Saímos do quarto e acompanhamos as outras que descem uma escada. Vamos

para o subsolo e vejo um amplo salão bem mobilizado. Servem um jantar compos

to de frituras, couve branco e arroz. Recebemos água para acompanhar. Como

com muita vontade e limpo o prato. Todas parecem muito famintas e comem tudo.

Pouco depois chega um coronel russo e, com ar de vitorioso, grita.

- Eu sou o salvador de vocês! - Abaixa a vóz - meu nome é coronel Yuri! Vou fazer

Uma pergunta a vocês e da resposta sairá o futuro de cada uma. Pensem antes de

responderem. Pensem! - E anda de um lado para outro. Nos observa. " O quê esse

imbecil vai propor? Já sei! Aquele velho emprego que sempre me oferecem ou os

lobos da rua. Pelo que vi são milhares e milhares que estão às estreitas. "

- A Alemanha acabou e vocês graciosas estão à mercê da sorte. Se forem para a

rua... Serão esmagadas assim que porem os pés lá. Vão trabalhar em obras e te

rão donos com certeza. Proponho proteção e vocês irão trabalhar para meu clube

que estou montando. Prometo que se sairem daqui as mandarei para a seleção do

Estado russo. Algumas tem passado sujo e poderão ir à tribunal. Pensem!

- Quero ficar! - Gritou em coro algumas e depois outras. Por fim, olho para Marija e

Erna e elas balançam a cabeça positivamente sinalizando que querem ficar.

- Ficar! - Gritamos juntas. E acompanhamos as outras. E somos servidas com

vinhos variados. Vinhos roubados de meu país. Depois nos oferecem alguns petis

cos para amenizar o vinho. Mais tarde tudo se encerra e vamos dormir.

Amanhece e acordamos aos poucos. Vamos ao banheiro e aguardamos a

nossa vêz. Então vejo as minhas amigas que ficaram soterradas: Ina, Lale, Gerda

Mende, Lili, Völva, Ertha, Manuela e Mila. Corro para elas e as abraço, uma a uma.

Marija e Erna fazem o mesmo.

- Como saíram com vida? - Pergunta Marija gritando de alegria.

- O túnel não desabou! - Disse Gerda Mende me abraçando - Ficamos aprisionadas

e depois retiradas e inspecionadas por médicos e trazidas para cá ontem à noite.

- Estavam na reunião? - Pergunto abraçando Ertha.

- Quando chegamos estavam bêbadas no subterrâneo - Disse Ertha puxando minha

orelha esquerda - E fomos questionadas quanto ao nosso futuro.

Naquele momento tudo fica mais alegre e todas tomamos banho e nos prepara

mos para o dia que começa.

Olhando para a rua, vejo alguém que jurava estava morta: Gerda Maria!

- Milagre! - Grito e ela olha para mim. E vou correndo até a saída e a abraço. Ela

está ladeada por alguns soldados e vejo que ela está bem - Não morreu!

- Fui aprisionada e usada por Yuri. O aliviei - gargalha e entramos. E todas nós a

abraçamos. Nos juntamos às outras e vamos para o jardim destruído do casarão.

Este se encontra entre dois escombros de prédio. A rua é larga e tem comércio

de tecidos bem em frente. Está ileso. E pessoas passam pelo lugar. E nós ficamos

de pé ali aguardando novas ordens. E a avenida é bem movimentada. E o quintal

tem grades em volta. Tudo indica que pertenceu a alguém do alto escalão.