AGOSTO
 
Adli, ao manusear um velho álbum de fotografias, vivencia momentos desagradáveis. Tinha doze anos quando tudo aconteceu. Por inúmeras vezes, ouviu seus avós discutirem o que a deixava triste. Seu avô era afetivo e espontâneo; sua avó, ranzinza e autoritária. Atenta a tudo e a todos, observou, que o pai, os tios e o avô vinham, nas últimas semanas, com frequência, conversavam, embaixo da figueira, num tom nervoso e aflito.
Em uma tarde ensolarada de agosto, enquanto brincava num balanço, escutou o avô dizer aos filhos:
– É, ela preferiu arrendar as terras ao irmão a mim.
Em sua voz, mágoa e decepção. Os filhos tentaram animá-lo, afirmando que o ajudariam a resolver os problemas. Esses não imaginavam que a mãe havia intrigado o marido com o irmão.
Três dias depois, Adli e o avô, sentados em um tronco de cinamomo, na frente da casa, tranquilos, comiam laranjas, quando uma camionete parou na estrada. Dela desceu um homem armado e lhe deu três tiros no peito.
Adli, embora chocada com a cena, apoiou a cabeça do avô, em seu colo, até ele dar o seu último suspiro.
Ilda Maria Costa Brasil
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 27/05/2016
Reeditado em 27/05/2016
Código do texto: T5649125
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