Uma Rosa para Berlim - Lembranças: Não chore! 9.
3 de maio de 1945. Acordo ao lado de minhas duas amigas e vou fazer
minha higiêne diária. Logo depois de escovar os dentes, fico olhando para as pes
soas a minha volta. São mulheres jovens que, de alguma maneira, estiveram em
contato com o governo de Berlim. Vejo que soldados soviéticos observam e fazem
piadas. Mais ainda quando chega a primeira refeição do dia. Então gargalhando.
Pego meu desjejum e como. Marija e Erna sentam a meu lado e comem quietas.
- Vagabundas! - Gritou um major russo se aproximando - Sou o major Petrus. E que
ro algumas vadias prontas para servir meus homens. E sem reclamação! - Olha
para todas as garotas e anda entre elas. E pára perto do local onde estou - vocês
três aí - E aponta para minhas amigas e para mim - Se vistam direito e se apresen
tem no meu gabinete - E se retira muito rápido. Deixa quatro soldados que nos pe
gam pelos braços. Não reagimos. Seguimos os soldados. Dois outros ficam na nos
sa retaguarda nos vigiando. E chegamos ao gabinete dele, um lugar modesto e per
furado de tiros. Mesa de madeira com uma bebida alcoólica na mesa.
- Vão para o caminhão que vão prepará-las. E rapidamente, por favor!
- Sigam-me! - Disse um sargento fazendo sinal para seguí-lo - rápido!
E o seguimos sem perguntar. E subimos e somos levadas para outro lugar. Calada,
sigo com algumas lágrimas nos olhos: pensando nas amigas que se foram.
Pouco tempo depois nos retiram à força do caminhão. Estamos em uma
pequena rua com um quartel de infantaria semi-destruido. Vejo soldados da SS
deitados no chão sendo humilhados. Passam por cima das costas deles e riem..
Nos empurram para dentro do quartel e somos obrigadas a passar por cima deles.
Entramos e vejo mais SS rendidos. E vejo um deles chorando. E se ajoelha diante
de um oficial todo orgulhoso. Este solta gargalhadas e fica à vontade, esquecendo
sua pistola no coldre à mostra. Não percebe a mão do SS pegar na arma.
- Nenhum movimento ou eu o matarei! - Gritou o soldado de um salto colocando a
arma no pescoço do oficial - Não ligarei se me matarem! Mas ele vai comigo!
E todos os russos ficam parados. E eu vejo o soldado a meu lado de metralhadora
bem à vontade. Toco na arma dele.
- Calado! Sem nenhum movimento!
-Atirem nele!- Gritou o oficial nervoso - Não tenho medo de morrer!
E um tiro faz o oficial se curvar com a cabeça estourada. Tiros de todos os lados.
E os outros SS reagem e tomam mais armas. E Marija toma um fuzil. Erna arranca
uma metralhadora de outro soldado. Atiramos todos. Corro para a saída seguida
por Erna e Marija. Outros soldados Alemães vem atrás. E atiramos em todos os
Russos que vemos pela frente. E eles reagem com força total fazendo uma carnifi
china. Não paramos para vêr.
- Por aqui! - Gritou um SS nos guiando para trás do quartel e entrando em um pré
dio vazio e aos pedaços. Entramos e ele nos leva até um subterrâneo intacto. En
tramos e olho para trás vendo que somos em uns 40 que fugiu.
- Isso aqui tem 500 metros e nos leva até outro grupo - Disse o soldado que nos
lidera - meu nome é Rommel! - E pára nos apontando o caminho.
Corremos seguindo um outro soldado e, pouco depois, ouvimos uma explosão que
quase me ensurdece. Paro e olho para trás vendo Rommel vindo por último e sol
tando granadas: explode a passagem para não nos acharem. E corremos muito.
Corremos até encontrar outros soldados bem armados. Da GESTAPO e da SS.
E vejo outras mulheres e alguns adolescentes também armados. Não conto mas,
acredito que tem um batalhão inteiro ali, entre homens e mulheres. Não parecem
pensar em se renderem. Nem eu.