Recomeço (1ª parte)
A origem dos Treze
O fogo começou em algum lugar no térreo, um dos amotinados subiu e avisou que a coisa estava feia lá embaixo. As balas ricocheteavam na parede atrás do balcão e atingiam os sacos de areia que se esparramavam. A fumaça negra que atravessava o vão principal deixava o cenário um completo caos e já não era possível reorganizar a resistência. O imprevisível desfecho daquela invasão os fez recuar o mais depressa possível, deixando parte dos documentos ocultos num baú.
Os dois homens que entraram primeiro, membros do exército brasileiro, iniciaram uma varredura no local em busca de material que identificasse o líder e os membros do motim.
Houve um momento de silêncio enquanto as armas do lado de fora eram recarregadas. Já não havia mais movimento nos corredores nem no salão principal da Biblioteca Nacional, apenas um entra e sai de bombeiros e seus equipamentos. As Forças Especiais que haviam sido designadas acabaram por penetrar nos flancos da Biblioteca e o local já estava quase seguro quando um dos soldados que vasculhava uma estante disse em voz alta:
— Se eu soubesse que o Grupo dos Treze estaria aqui, teria eu mesmo arrebentado a porta e atirado em todo mundo.
— Sossega!—respondeu outro, esperando ao lado para ver os papéis...
— Dá uma olhada!—estendeu o braço com os documentos.
Os olhos do soldado então percorreram algumas linhas:
“As histórias da guerra civil brasileira que se contam a partir do ano dois mil e vinte e dois têm origem variada; aqui se conta a de um grupo de intelectuais que, escondidos na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, resistiram e documentaram os acontecimentos que serão narrados.”