AS FRUSTRAÇÕES DE JOSI
Conto de:
Flávio Cavalcante
Flávio Cavalcante
Antes ela era novinha, pele impecavelmente lisa e cuidada. Pernas roliças e o seu corpo tinha um formato que mais parecia de um violão. Seu rostinho era de anjo e ela sabia explorar sua feminilidade sem se tornar vulgar. Quando ela passava na Praça da cidade todos os garotos fitavam os olhos para o monumento criado pelas mãos de Deus. Causava inveja nas meninas de sua idade porque ela chamava realmente a atenção e os garotos suspiravam e só tinha olhos para ela.
As moças da cidade morriam de inveja e por saber disso, Josi fazia questão de desfilar pelas ruas calçamentadas ouvindo alguns assobios de rapazes aloprados que não perdiam tempo para chamá-la de gostosa. Claro que em outras palavras. A época e a cultura do povo jamais aceitaria tal falta de respeito com uma dama mesmo que ela estivesse se exibindo.
Apesar dessa sua exuberante forma de se apresentar, Josi era conhecida na cidade com mulher metida de nariz empinado por não dar muita confiança para os olhares de desejos que chegavam até ela e todos diziam que ela se achava a última bolacha do pacote.
As moças empinavam o nariz para a beldade, mas, na realidade todas desejaria mesmo era estar no lugar dela; aliás, qual é a mulher que não gostaria de saber que ela é a mais desejada da cidade? E isso para Josi era algo normal.
E o tempo foi passando, foi passando, muitas águas embaixo da ponte foram rolando, rolando e Josi foi acompanhando a tal evolução tempo. Esta que não perdoa e castiga mesmo. Aquele desejo que os homens tinham por ela foi morrendo e foi morrendo. Ela jamais poderia imaginar que ia acordar para uma realidade nada aprazível para o seu ego.
Hoje em dia Josi carrega um fardo muito pesado nas suas costas; mas Deus dá o frio conforme o cobertor. Muitos e muitos anos se passaram e hoje em dia Josi entristece em desejar o homem da sua vida e ele não olha mais pra ela com olhos de desejo como em outrora. Aquele corpão que era desejado por todos hoje pede clemência e vai se deteriorando a cada dia e isso a deixa bastante triste. Josi carrega uma tristeza infinita em seu interior e uma solidão que vai corroendo seu espírito aos poucos. A saudade dos tempos passados deixa bem claro em seu semblante e a espera desde o tempo de outrora pelo grande amor de sua vida. E essa espera talvez ela levará para sua campa e de lá por toda a eternidade.
Flávio Cavalcante