Entre joaninhas e calvário...

Um assovio do alto do morro do Beco do Calvário enche meu coraçãozinho de alegria, me despeço da tia e de meus amiguinhos e saio correndo, vou de encontro àqueles braços fortes e carinhosos.

Meu pai é tão grande e minhas mãos e passos tão pequenos e curtos, que faço um enorme esforço para alcançá-lo.

Com firmeza e ternura meu pai vai me conduzindo pelo caminho. Meus olhos querem ver tudo, quanto movimento, tem até uma anãzinha, quase do meu tamanho - todos os dias paro para vê-la, mas logo me lembro que pai já está bem adiante, então, saio, desembestada - correndo atrás dele.

Pai não tem tempo para coisas de criança, afinal ele já viu de tudo, conhece tudo. Ensina-me o nome disto e daquilo outro, como me comportar, me ensina a ser grande - adulta.

Queria ser como meu pai, que sabe de tudo, mas acho que ser grande não é muito bom, porque assim não mais terei tempo de olhar a joaninha que fica lá na cerca-viva de casa.

(Isabela Lage)

Isabela Lage
Enviado por Isabela Lage em 12/07/2007
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