Entre joaninhas e calvário...
Um assovio do alto do morro do Beco do Calvário enche meu coraçãozinho de alegria, me despeço da tia e de meus amiguinhos e saio correndo, vou de encontro àqueles braços fortes e carinhosos.
Meu pai é tão grande e minhas mãos e passos tão pequenos e curtos, que faço um enorme esforço para alcançá-lo.
Com firmeza e ternura meu pai vai me conduzindo pelo caminho. Meus olhos querem ver tudo, quanto movimento, tem até uma anãzinha, quase do meu tamanho - todos os dias paro para vê-la, mas logo me lembro que pai já está bem adiante, então, saio, desembestada - correndo atrás dele.
Pai não tem tempo para coisas de criança, afinal ele já viu de tudo, conhece tudo. Ensina-me o nome disto e daquilo outro, como me comportar, me ensina a ser grande - adulta.
Queria ser como meu pai, que sabe de tudo, mas acho que ser grande não é muito bom, porque assim não mais terei tempo de olhar a joaninha que fica lá na cerca-viva de casa.
(Isabela Lage)