Uma Rosa para Berlim - Verdades que esconderam 10.
Acordo com meus cabelos sendo puxados. Olho e vejo que é Marija com os
olhos esbugalhados apresentando terror.
- O quê está acontecendo? - Pergunto me levantando.
- Não ouve o barulho? - Pergunta ela me deixando - Berlim está vindo abaixo.
- Façam suas higiênes e o desjejum! - Gritou Gerda Mende - Temos que sair daqui.
E eu obedeço e me adianto. São vários banheiros no hotel e, em pouco tempo, nós
estamos prontas e comendo. Um barulho enorme e parte do hotel rui. Pegamos
frutas e abandonamos o local. Seguimos rumo ao sudeste e vemos tropas se mo
vimentando rápido para o norte. Os soldados apenas nos observam pois, nos vê
em armadas e em grupo quase alinhado. Um dos soldados nos reconhecer. Grita :
- Volkssturm! - Dá uma gargalhada e olha para seus amigos.
- Liga feminina, idiota! - Gritou um outro.
Seguimos por quase 1 hora e paramos em um mercado. Bella compra alguns
alimentos e depois voltamos a andar. Meia hora depois paramos em um restau
rante e, a pedido de Bella, entramos para almoçar. Fico observando as pessoas
preocupadas circulando pela rua em frente. Término e olho para Marija que chora.
- Chora por causa de Heindal? - Pergunto com meus olhos marejados.
- Heindal, Volsak e todas as pessoas que conheci e se foram. - E chora mais.
Me calo e fico pensativa. As outras ficam em silêncio total. Respeitam.
Pouco depois saímos dali pois, os Soviéticos parecem disparar contra o
centro de Berlim. E fico mais preocupada ainda. Meu coração dispara. Estou com
muito mêdo e procuro não demonstrar. Suór frio corre pelo meu rosto. Erna olha
e Sorri. Abaixo a cabeça e levo um susto pois, uma explosão ocorre bem a nossa
frente e, para meu desespero, três de minhas amigas são mandadas pelos ares.
Começamos a correr e a população local também. E as explosões continuam e
alguns populares morrem e outros ficam feridos. Paramos e começamos a ajudar
os feridos e as mulheres que não conseguem correr por estarem grávidas. Casas
começam a ruir. Gritos por todos os lados e depois choro. Não há mais projéteis
caindo nas cercanias. Então passamos o restante do dia 22 de abril de 1945 aju
dando as equipes médicas que socorrem os feridos e feridas. Bella chora muito
ao vêr idósos e crianças mortas. Ajuda a recolher os corpos. Populares da vizi
nhança presta socorro e ajuda alimentícia.
Olho para o céu meio escarlate. Misterioso e de mau-gosto é o canto de um
pássaro noturno. Vejo alguns clarões na noite seguidos de silêncio. Vamos dormir
e me apago tão rápido me deito.
Acordo no dia seguinte com intenso combate que parece estar bem próximo.
Faço minha higiêne e como uma brôa envelhecida. Ainda tomo um resto de leite.
E vejo as outras fazerem o mesmo.
Mais tarde ando pelas ruas e vejo pessoas andando entre escombros procu
rando objetos. Vejo pessoas choramingando e gritos de crianças chamando por
pai, mãe, irmão e irmã. Respiro fundo para não chorar. Vejo corpos sendo desen
terrados e muito choro de familiares. Algumas pessoas carregando água. E assim
passo o dia 23 de abril de 1945 vagando feito uma pessoa perdida. Estou apática
e sinto fraqueza. Alguém me ofereceu algo para comer. Como com vontade o pão
dormido que me deram com suco meio ralo. Como tudo e bebo tudo. Então agrade
ço e retorno ao meu grupo. Fico mais deprimida ainda ao vêr o local destruído. Ina
chorando muito me abraça.
- Pensei que tinha acontecido algo a você!
- Comigo não mas....aqui houve muita destruição! - Falo apertando ela em meus
braços e choro ao vêr três meninas de nosso grupo mortas na calçada.
- Meu Deus! - Exclamo.
- Caíram mísseis aqui. Dez de nós morreram e outras saíram em debandada. Te
mos que sair daqui ou enfrentar os Soviéticos que poderão chegar aqui em breve.
- Não quero correr! - Falo com ênfase - Vou dormir e amanhã decido o quê fazer.
-Já temos onde dormir! - Disse Erna se aproximando - Se alguém quiser partir que
porta pois, não quero viver me escondendo.
- Nem eu!- Fala Ina me puxando. E me leva para um porão com pouca iluminação.
Não olho para ninguém pois, estou cansada. Apenas saúdo.
- Boa noite para quem está aí é vai ficar e boa noite e boa viagem para quem vai
partir. - E desabo tão logo me deito.