transmutação
O dia possuía uma superfície, o dia era feito de sol, casas, árvores acariciadas por rajadas de vento, folhas verdes efervescendo ruidosas em soluções de sais fruta. O dia era um lago cristalino espelhando casas e edifícios. Um gato caiu do sétimo andar e, miraculoso, quebrou uma pata e se arrastou pela calçada assustado. Já não era mais o mesmo dia, a paisagem turvou e as profundezas se esconderam entre os limites adrenérgicos do agora onde os corpos brigavam por espaço. Um pano limpa o sangue e os pardais discutiam incompreensíveis na copa escura e labiríntica de uma figueira. O dia aguardava a próxima transmutação de um ouro cujo o brilho ninguém assistia e assim a lua chegava fria depois da menstruação de uma tarde úmida e quente