Sombra do medo!
No quarto iluminado apenas pela luz da Lua, uma sombra se sobressaia entre a janela e a cama. Poderia ser a Melaleuca plantada no jardim à quase 15 (dez) anos; hoje com quase 10m de altura; e que todos os dias balançava seus galhos dando a impressão de querer entrar em casa, era sinistra, assustadora, mas depois de tantos anos dormindo naquele quarto, a fábrica de imaginar fantasmas se acostumou com o balé de sombras alucinantes. Porém, a sombra de hoje era diferente, muito mais estranha, se mantinha estática, imutável, desde que seus olhos não se fechassem por muito tempo, pois todas às vezes que isso acontecia, a mancha negra chegava mais próxima da cama, era agoniante, um frio na espinha gelou sua alma, os olhos vidrados, o corpo inteiro tremendo e claro, uma vontade louca de gritar – “mas isso é coisa de criança” – pensou. Então o jeito era segurar o sono o máximo que podia.
VITÓRIA DOS ANJOS, uma jovem de 18 anos, recém-saída do ensino médio, loira, cabelos curtos e liso, olhos azuis e um ar de quem não fazia ideia do que iria dizer na sua primeira entrevista de emprego às 09:00h da manhã daquele mesmo dia. Ela resistia ao sono, mesmo indo para cama cedo, era a ansiedade, a vontade de passar por cima daquele dia, sendo a resposta positiva ou negativa, pois o que matava era a incerteza, a dúvida de como seria o tal encontro com o entrevistador. Mas aquela noite seria longa; ou pelo menos achava que seria; então cobriu a cabeça com o edredom e tentou não pensar na sombra que estava ali fora.
Só que para piorar ainda mais a situação, passou a ouvir vozes, sons de passos rápidos e apressados, era desesperador, naquele momento já estava apavorada – “deveria tirar o edredom de cima? Ou se mantinha protegida do que quer que estivesse acontecendo além daquela cama? ” – Pensou. De início decidiu manter-se abrigada, segura de qualquer criatura que pudesse lhe fazer mal. E foi quando algo aconteceu, alguma coisa havia lhe agarrado, seus braços agora sofriam a pressão de mãos firmes e fortes e quase como um sussurro, conseguiu ouvir seu nome – “Vitória, acorde, você está bem? ”.
Onde estava? Quem era ele? O que estava fazendo ali?
Não estava em casa, a noite já havia terminado, acordou exatamente às 06h, se arrumou, tomou seu café e saiu, aos poucos começou a se lembrar, não estava mais em seu abrigo, não havia cama, edredom, refúgio, somente um relógio digital na parede marcando 10h35, ela já estava dentro da sala do entrevistador, desmaiada e pior, com vergonha do que havia acontecido, afinal o lugar estava cheio de gente, até o médico do ambulatório estava ali para ajuda-la – Não passei, não é? – Perguntou com um ar desesperançoso. – “Passou sim, acho que foi por isso desmaiou”.
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