Uma Rosa para Berlim - Tulipas de Lágrimas 1.
O avião dá voltas e mais voltas por causa da guerra e, de noite, o avião pousa
em um campo próximo a um subúrbio de Berlim. Descemos e verificamos parete
da cidade sem luz. E o piloto nos dirije a palavra.
- É melhor se acomodarem por aqui mesmo e sairem de manhã !
-E onde dormiremos ? - pergunto olhando para a minha volta.
- lá ! - disse ele apontando um depósito a 100 metros dali. E é para onde vamos.
Chegamos lá e nos ageitamos entre caixas e outras tralhas. Está um pouco frio
e eu me acomodo em cima de papelões. Olho para fora e vejo tudo escuro. Não há
como encontrar uma condução no presente momento e horário. Então vou para
minha cama de papelão e pego no sono assim que deito.
Sinto cheiro de charuto e acordo. Olho para minhas amigas que também acor
dam e procuramos de onde vem a fumaça. Vem da entrada do depósito. Me levan
to e vou até lá. Vejo um senhor de uns 60 anos fumando um bendito charuto.
_ Bom dia, senhor! - Falo olhando para ele e depois para o tempo - bélo dia...
- Se você olhar para Berlim... - Olha para mim tirando o charuto da boca - verá que
o dia não é tão belo assim! - Sorri - meu nome é Heindal... - Se levanta - qual é o
seu, minha béla jóvem?
- Nina Schaffer Kohl! - Respondi dando uns passos à frente e prestando atenção
na cidade à minha frente. Parte dela em escombros. Meu coração fica apertado.
- Inúmeros bombardeios acabam causando isso, doce Nina.
Sorrio com o "doce" pois, me sinto bem amarga. Ando mais adiante deixando as
apresentações entre ele e minhas amigas e vou até o piloto que se prepara para ir
embora. Ele me vê e me olha. Me espera chegar.
- Como anda a situação por aqui? - Pergunto olhando para a cidade.
- Está ruim e pode piorar! - Entra na cabine e me olha - se eu fosse vocês sairia da
qui o mais rápido possível. - Se cala e se prepara para decorar. Me retiro dali e vou
até minhas amigas que conversam alegremente com Heindal.
- Heindal conhece a casa de Greta e o quarteirão de Erna... Destruídos! - Disse Lili
se aproximando de mim - conhece um local seguro para ficarmos.
- Teremos que deitar com ele? - Pergunto olhando para ele - bonzinho demais!
- Se quiser deitar comigo posso cantar para dormir! Nada mais, minha jovem!
Isso me faz rir e todos damos gargalhadas gostosas. E a desconfiança acabou.
Estamos em uma camionete velha e furada de projéteis. Um pouco amassada
e com pintura azul envelhecida. Passamos por ruas e casas em escombros. Pes
soas carregando água já de manhã. Isso me apavora. Vejo crianças ajudando e
fazendo muita força para carregar seu baldinho de água. Meus olhos se enchem
de lágrimas e me abraço a Nina Hübner que está ao meu lado na boléia.
- Pessoas que choram não sobrevivem muito por aqui, Nina Kohl! - Disse Heindal
muito sério. Presta muita atenção no caminho pois, a rua está esburacada. Fico
calada e observo o caminho que nos leva para a parte mais leste de Berlim pois,
o campo que possamos fica no leste. Entramos em um subúrbio quase todo des
truido. Ele pára diante de uma casa semi-destruida e desce pulando.
- Bem vindas ao novo lar.
- Dá para morar aqui? - Pergunta Gerda Maria olhando tudo.
- É no subterrâneo que vão morar! - Fala ele muito sério - é o que está acontecendo
muito em Berlim hoje!
Ficamos caladas olhando tudo e as pessoas que se movimentam pelo lugar: des
confiadas e com muito medo estampado nos olhares. " Bélo dia 31 de março! ".