Vapor

Entre as pedras do penhasco andava eu. Sozinho, já tinha me perdido faz tempo. Descendo mais e mais entre fendas, escuras comparadas ao azul do céu limpo. E de todos os tons as pedras se apresentavam a mim, amarelas, marrons, pretas, cinzas, e aquelas sem nenhum tipo de cor. Nenhum tom. Essas eram as mais escuras. Quando passo minha mão nelas pra ver a textura me desce um arrepio horrível pela espinha, parecia que eu tinha tocado um fantasma. E os caranguejos de todas as cores laranjas amarelos e tinha até um de todas as cores que giravam em um redemoinho escarlate perolado. Quando uma nuvem passou na frente do sol (e eu achei que o céu estava completamente limpo) a fenda que eu me encontrava ficou totalmente escura, não via mais nada e estava a ponto de me desesperar quando vi, caminhando de lado, um siri. Um siri. Ele brilhava neon rosa. Parecia um flamingo de neon rosa. Brilhando, parecendo que queria se comunicar comigo. Mas eu não ouvia porque a escuridão era tanta que nem se ouvia nada. Quando o sol saiu de trás da nuvem (ou a nuvem saiu da frente do sol) eu vi pela primeira vez o mar. Quer dizer, já tinha visto milhares de vezes o mar, mas aquele ali nunca tinha visto. Acabei me molhando só com a espuma das ondas que batiam contra os rochedos.

guilherme brandalise
Enviado por guilherme brandalise em 01/04/2016
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