A VERDADEIRA HISTÓRIA DO COELHINHO DA PASCOA
A dúvida sempre vem-me à cabeça na época da Páscoa.
Por que coelhinho?
Coelhinho bota ovo?
Coelhinho come chocolate?
Minimamente, deveria ser a coelhinha que botaria ovos...
E pela velocidade que o coelhinho come não sobraria para ninguém.
Até sobreviesse a dor de dente com as cáries que o chocolate provoca.
Há quem diga que os coelhinhos levavam ovinhos para tentar reconquistar as coelhinhas, bandeadas para a Playboy num baile de aleluia.
Essa é uma das versões, mas acho que nem bebês acreditam.
Bebês comem o chocolate, fingem esperar o coelhinho, mas se já não acreditam mais em cegonhas, por experiência própria, vão acreditar que mamífero bota ovo?
Não são ornitorrincos.
Outra versão, muito mais coerente, é sobre a existência nos Alpes Suíços de um certo Mr. Rabbit, produtor de chocolates.
Vendia sua produção na aldeia, aos domingos, na praça defronte a Igreja.
Os padres lambiam com a testa de vontade de comer o chocolate mas, devido ao voto de pobreza, penitenciavam-se ao jejum do doce.
Entretanto, um padre mais espertinho teve a idéia.
Durante a homilia, espalhariam que comer chocolate era pecado, Mr. Rabbit não venderia tanto e daria a sobra para os padres.
Assim se fez... No sermão foi garantido que comer chocolates era o mais grave pecado da gula.
Em verdade, em verdade, vos digo:
É mesmo um pecado não comer chocolates, especialmente tão bons como os de Mr. Rabbit.
Chocolate, realmente, chocolate engorda. Mas, acalma... Digam as mulheres com TPM.
Para o excesso de calorias há solução.
Homens podem correr uns 15 quilômetros e certamente entrarão nas calças outra vez.
Para as mulheres, alguns cestos de roupa para lavar e casa para limpar resolve.
Eu mesmo já estou saindo para correr, pois minha mulher acabou de ler a frase anterior.
Voltemos aos padres.
No dia do sermão condenando o consumo de chocolates, as vendas de Mr. Rabbit despencaram.
Tão logo soube da sacanagem feita foi tirar satisfação.
Sem convencer os padres, pacificamente, para que refizessem a situação, apelou dizendo que espalharia para toda a vila coisas não muito sagradas que os padres faziam.
Quase foi enviado à Inquisição para ser incinerado.
Salvou-lhe o argumento de um dos padres, lembrando aos demais que a condenação de Mr. Rabbit à morte significaria a perda definitiva da esperança quanto a descobrir-se a receita do delicioso doce.
Vamos negociar, decidiu o abade.
No próximo domingo direi que estudei melhor o assunto e o chocolate pode ser apreciado sem excessos. Em contrapartida, de vez em quando, o senhor manda a guloseima para o Monastério.
De graça? Indagou Mr. Rabbit.
A coisa pegou...
O abade, morto de desejo (pelo chocolate), refletiu e propôs:
No ritual da Semana Santa a Igreja alardeia que é preciso jejuar todos os dias e o senhor vende muito mais no domingo de Páscoa.
Manda um terço das vendas para nós.
Um terço é muito para pouco pecado, respondeu Mr. Rabbit.
Discussão vai, discussão vem, acertaram o valor de dez por cento e, reza a lenda, inventaram o dízimo.
Um problema foi argüido por um assessor – sempre eles – do Abade:
Como Mr. Rabbit nos entregará os chocolates sem que a população perceba?
Não podemos dar bandeira...
Instantes de reflexão, orações e a decisão:
O filho de Mr. Rabbit, Litlle Rabbit, conhecido por Rabbitinho, seria encarregado de levar os chocolates para os padres.
Era necessário um disfarce.
Novas reflexões e orações, até um outro assessor ponderar:
Mrs. Rabbit compra ovos de nossa granja, não compra? Pode comprar alguns de gansos, pois são maiores. Ao invés de quebrá-los, fura-os, tira a gema e clara, enche de chocolate e Rabbitinho nos traz os ovos de volta, escondidos dentro da cesta.
Genial, vibraram os padres.
Peralá! Refutou Mr. Rabbit...
Além de dar o chocolate a vocês, tenho que comprar os ovos? E de gansos?
Negociação vai, negociação vem, chegaram a um acordo...
Os padres dariam os ovos para esconder os chocolates.
Mas, de codornas.
Na primeira Páscoa, logo depois do sucesso de vendas dos chocolates de Mr. Rabbit, Rabbitinho levou uma cesta de ovinhos de codorna aos padres.
Nos anos seguintes variaram os tamanhos dos ovos.
Galinhas, marrecos, patos e até de gansos.
Assim se deu a origem do coelhinho da Páscoa.
Acredite se quiser!