Adeus, às dores
Eu olhava para um lugar em específico, mas não estava exatamente ali. Estava viajando, perdido em meus pensamentos. Sentia apenas a tristeza que não sabia de onde vinha, mas estava presente, matando-me lentamente, como uma doença corrosiva. A morte lenta é a que mais dói, que mais tortura.
Passou a ser normal eu fazer isso. Olhar para qualquer lugar e começar a pensar, em coisas demais. Apenas pensava. Apenas sentia. Apenas doia, e minha vontade era de gritar.
Tudo começou alguns anos atrás. Comecei a perder o olhar facilmente, e, com o tempo, foi eu quem me perdi. Carregava comigo uma dor que nunca consegui entender e compreender. Parecia haver uma necessidade urgente de algo. Felicidade, talvez?
Cresci com essa sensação ruim, que estava alojada, impregnada em cada parte do meu ser. E doia. Não sei o que era, mas a dor interna latejava, pulsava e me machucava muito.
Nunca consegui entender essa tristeza toda, que por anos me seguiu e segue. Só sei que machuca, e eu não quero mais sentir dor. Não quero continuar sentindo-a como algo importante demais, que faz parte de mim. Consumindo-me a cada dia, forte. Não devia ter deixado a dor tomar desse ser minúsculo que sou. Quero que ela pare, termine.
É hora de terminar com a dor.
É hora de pôr um basta.
Então, eu encerro tudo isso.
Adeus, às dores.