A Montanhesa - Parte 7 e Epílogo

A Montanhesa

Parte VII e Epílogo

Iovan recuperava na inconsciência bem-vinda dos medicamentos até a um doloroso e incerto despertar e contínua prostração em torpor.

O seu espírito vagueava entre a linha ténue da vida e morte.

De repente, algo dentro de si, o fez abrir os olhos e estudar o ambiente onde se encontrava.

Nenhuma ideia possível depois do ataque que fora vítima.

E seu olhar percorria tenso e inquiridor, meio desperto, o ambiente até que embateu na figura feminina deitada no catre a seu lado...

Linda, pensou, mas tão pálida, quem seria?

Tentou erguer-se e lancinantemente desfaleceu sobre a cama.

Ai! – murmurou – isto dói...

Tentou, mais calmo, recuperar a respiração arfante.

O seu peito parecia emparedado em feixes de dor.

Para se abstrair dessa dor, passeou o olhar na jovem, sem pudor algum, delineando-lhe as linhas do rosto e corpo lentamente como se absorvesse cada traço.

O seu olhar insistente fez despertar a jovem que corou e, num salto ágil de gazela, fugiu do leito.

E no decorrer do tempo o vigor, a mocidade e o amor implantaram-se e renasceram.

A amizade curiosa inicial transformou-se num apaixonado enlace.

Lírio e Iovan amaram-se até à eternidade, como sonhavam…

Mas os ventos da desordem pululavam inquietos...

E o cavaleiro, montado no seu cavalo branco, partiu sem se voltar, omitindo as emoções.

Lírio, qual estátua no cimo do monte, acompanhou com o olhar a figura de Iovan até esta se perder no horizonte.

Apenas a sua mão direita esboçou um gesto de adeus e a sua mão esquerda repousou sobre o ventre ainda liso.

Seus lábios tremeram num sussurro:

- Adeus, Iovan, meu irmão, meu amor eterno... Levas meu ser em ti e eu...

O resto do pensamento encerrou-se em si e não foi mais transmitido aos seus lábios, agora finos e cerrados, numa tristeza infinda.

FIM

Poeta sem Alma
Enviado por Poeta sem Alma em 22/03/2016
Código do texto: T5581570
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