Esperança de Liberdade - PaoT
No final daquela tarde, enquanto por do sol demonstrava-se lindo no horizonte, a garota de cabelos azulados parava no terraço do septuagésimo andar do conjunto de prédios comerciais do centro, a mesma fechava os olhos e respirava fundo.
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Uma garota nova, em torno dos seus 22 anos, repintava novamente suas longas madeixas pretas em tom de azuis variados, adorava fazer isso já que era sua cor favorita, quase que uma marca pessoa dela, um jeito de ver beleza nela mesma, depois que tudo que aguentara.
Nessa semana seu padrasto não a “visitara” no quarto nenhuma vez, isso trazia alívio, mas por outro lado pânico, já que não imaginava quando ele viria de novo, já tentara explicar essa história diversas vezes na polícia, mas aquele monstro era influente, então ela passava de idiota e ainda era chacota na delegacia. Se algo acontecesse....seria sua ultima noite ali.
Uma repórter, cabelos ruivos fogo, com seus 30 anos, andava meio cabisbaixa pela rua, até chegar num banco do parque próximo de seu trabalho, colocara a caixa que carregava no colo, tinha sido demitida nessa manhã, no arrumar de suas tralhas perdera até a fone, ficara a andar e poder pensar no que faria na vida, já que apostara tudo nesse trabalho longe de sua terra, que tinha a única parente viva dela sem notícias a uns anos.
Tirando ela do marasmo de sua própria mente, uma menina garota mais nova sentara no mesmo banco, usava roupas simples, jeans, camiseta preta e um moletom folgado que estava a cobrir seus braços, chorava silenciosamente.
Depois se uns minutos respeitando o momento dela, a repórter ofereceu um lenço para ela, juntamente de um olhar sincero e um sorriso acolhedor, a menina pegara o lenço, esticando o braço, que revelava estar cheio de hematomas, mas nada diz.
A repórter começa a falar de si, das mazelas da própria vida, das dificuldades que superara, do trabalho que perdera , sendo que o escritório ficava ali perto nos prédios comerciais, esse detalhe faz a garota prestar mais atenção, sentara mais próxima dela, pegara o crachá que estava na caixa e correra em direção aos prédios.
Enquanto a repórter tentava alcança-la, a mente da garota fervilhava, lembrara das amigas que fugiram de casa, que conseguiram se refugiar no topo de um prédio, que disseram uma para outra que teriam a liberdade que tanto desejavam, e agora ela iria fazer o mesmo, descobrir o que foi que elas conseguiram realmente, já que não tinha noticia delas faz tempo.
Por ter o crachá dela, passara pelas catracas facilmente, já que o mesmo não fora dado baixa ainda, os guardas sem reação não conseguiram impedir, a repórter chegara sem tempo de explicar a história, já que a garota estava pegando um elevador, que fechara na cara da repórter, ela pode reparar que iria até o terraço, teria que pegar o elevador do prédio do lado, seria bem próximo, coisa de 5 andares mais alto, poderia pular de um terraço a outro caso a garota tentasse algo extremo.
A garota atingira rapidamente o topo do prédio, assim que abrira a porta para o acesso do terraço, na maçaneta do outro lado vira as fitas de cabelo das amigas amarradas na mesma, elas estiveram ali! - a menina pensou- começara a procurar por resquícios, quando achou um pedaço da saia colegial verde que sua amiga usara, presos nos metais de proteção na ponta do terraço, não era burra para sacar o que aconteceu com as duas e como seria fácil o conglomerado comercial abafar um suicídio de duas jovens ali.
A repórter atingira o topo do prédio vizinho, e assistia a cena de certa distância.
No final daquela tarde, enquanto por do sol demonstrava-se lindo no horizonte, a garota de cabelos azulados parava no terraço do septuagésimo andar do conjunto de prédios comerciais do centro, a mesma fechava os olhos e respirava fundo.
Ela tivera a impressão de ter ouvido ao longe, com o bater do vento, uma risada jovial feminina, e assim sorrira e começara a andar.
Num estalo a repórter entendeu o que iria acontecer, correra como jamais correu, pulando o do terraço do septuagésimo quinto andar para o terraço da frente, onde a garota estava, levantara com os joelhos todos ralados e agora pintados do líquido rubro, tirava um grito da garganta enquanto tentava alcançar a garota.
O Sol começava a se pôr, os tons amarelos e laranjas dava lugar a tons mais avermelhados, a meninas de cabelos azulados sorria, já que fora abraçada pela repórter ruiva, tendo seus cabelos bagunçados por um carinho desengonçado da mesma, as duas então partiam juntas, para o infinito, deixando seus corpos materiais para trás.
(fruto de um sonho que não consegui esquecer)