Folhetim - Dorita - VII (Final)

Dona Dora resolveu encerrar a discussão:

- Vicente, o que a moça está dizendo é verdade. Dói mas é verdade. Eu peguei Dorita várias vezes saindo do quartinho de Pachola toda afogueada e rindo satisfeita, alegre. E com a combinação desarrumada, uma vez estava com a combinação pelo avesso. Era ela quem estava procurando Pachola. Você sabe que aquele negro é covarde e incapaz de dizer um não à nossa filha.

O coronel levantou-se aperriado, aquilo era demais para ele, batia com o chicote na mão esquerda de forma frenética e gritava ensandecido:

- E o que é que vocês querem que eu faça? Que fique desmoralizado com as pessoas dizendo nas ruas que um negro safado emprenhou minha filha doida e eu não fiz nada? É isso que vocês querem?

Sibonei sentiu que graçaa a dona Dora vencera a parada, mas ainda faltava alguns ajustes. Disse bem calma:

- Coronel, tem uma saída, a gente faz o casamento de Dorita com Pachola, lá mesmo na Fazenda Boqueirão. Leva o padre e o juiz e pega dois dos seus cabras que saiban assinar o nome como testemunhas, e pronto. Eu cuidio de convencer Dorita que é uma brincadeira, que é para ela poder brincar com o bonequinho de verdade.

- Você tá doida, moça? Como minha filha pode casar com um negro? O que diriam as pessoas?

- Mas o que diriam se o senhor capasse Pachola? Outra coisa, se sua filha está feliz, isso vale mais,muito mais, do que possa pensar a opinião pública. Tem mais uuma coisa: o senhor vai ganhar um herdeiro ou uma herdeira. Olhe, as pessoas gostam de Dorita, quando ela dizia aquelas coisas na sacada quase ninguém censurava. O povo respeita ela.

O coronel sentou-se e colocou o chicote em cima do centrinho. Era uma prova que aceitara a a solução proposta por Sibonei, apenas perguntou?

- E depois, se houver esse tal casamento, que faremos com o negro?

Sibonei já estava pronta para responder a essa pergunta:

- Nada, ele fica no mesmo, dirigindo a charrete, vivendo no quartinho, sabendo qual é o seu lugar e o que pode suceder a ele se se meter a besta. Pachola vai ser o mesmo, coronel. Agora, ciompre umas roupas novas para ele e um par de botas. Promova-o a cocheiro de verdade.

Dona Dora chorava emocionada, abraçando Sibonei.

Casaram. Pachola cumpriu rigorosamente o acertado, mas não teve sorte. Morreu ainda moço, vítima de febre tifo. O garoto ficou parecidíssimo com ele. Deram ao menino o nome de Vicente Pereira Neto, mas devido à semelhança com o pai, o povo só o chamava de Pacholinha. O tempo passou, Siobonei fez os voto de religiosa e foi nomeada para servir no colégio das freiras. Nunca perdeu ocontato com a família do coronel e sua família. Dorita foi enlouquecendo progressivamente, ficando muito agressiva, agredindo a própria mãe. Sibonei já não podia com ela.

Certa noite, Sibonei, agora Irmã Marta, rezava no colégio que ficava ana frente da casa do coronel, estava na hora de se recoplher, quando ouviu dois disparo de arma de fogo vindo da casa do coronel. Notícia ruim corre logo e chegou imediatamente ao colégio: o coronel matara Dorita e depois se suicidara. Fez isso por amor, disse dona Dora a Sibonei. Dissde que ele não podia mais ver a filha se consumindo daquele jeito. Sibonei sentiou muito o fato. Rezou muito pela alma dos dois. Nunca esqueceria deles.

De vez em quando a charrete do Dona Dora passa pela frente ddo colégio, com Pacholinha conduzin-a transportando dona Dora. O garoto sempre tira o chapéu cuimprimentando a freira. Não há como ela não se lembrar do negro Pachola.

F I M

P.S. Agradeço a Fernandinha, Maria Mineirinha, Verinha Morena, Norminha musa do pedaço, Zélia do Rio Gransde do Norte, Jacques, a bruxinha Angelique Geórgia, Tito, Gerladinho do Engenho, Bertão... Olha, fiquei bestinha por vocês terem acompanhadomeu folhetim acanjhado. Acho, não manguem, que o RL poderia abrir uma seção só para escritos tipo folhetim. Abraço.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 15/03/2016
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