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O ator/diretor/autor, mesmo cansado e de ressaca, acordou cedo e foi até a padaria comprar pão com gergelim e um jornal, para ler a crítica de sua peça. Até aquela hora ninguém tinha comentado nada sobre a referida crítica nem no Zap nem no Facebook. Ja estava com medo. Mas ainda era muito cedo, e todo mundo encheu a cara na festa. Deviam ainda dormir. Só que teve aqueles "comentários" dos seus "amigos"... E o danado do crítico estava lá, viu-o lá de cima do palco. Em casa começou a ler o texto. Mas não esperava boa coisa:

"Serei breve, para não ser tão tedioso quanto a peça que ontem assisti! O monólogo Sonhos e pesadelos (parece título roubado de Jane Austen ou de filme inglês) de Sérgio Duarte, não sabe a que veio, mas cumpriu pelo menos metade do que prometeu: a parte dos pesadelos. Aliás, deveria se chamar Sono e pesadelos! As falas do monólogo são esquizofrênicas, parecem saídas da boca de vários personagens. A iluminação devia ser uma meia-luz que sugerisse a solidão de um quarto, mas não, parecia a iluminação de um motel. O mesmo posso dizer da música. O figurino era um pijama daqueles antigos, da década de 50, mas bem podia ser um pijama do Bob Esponja, para combinar com a idade mental do texto. E a cenografia era só uma cama, um penico e um pano preto ao fundo. Bem que a cama  podia ser redonda, talvez combinasse com os dramas de um homessual vintage no fim de sua vida. A ideia de uma pessoa que rejuvenesce na medida que reflete sobre sua vida, é um evidente plágio do filme O curioso caso de Benjamin Button. O clima de quarto deu sono em todo mundo. Só não foi pior porque dormi assim que começou a peça. Meu corpo dormiu, mas meu espírito traíra assistiu tudo, só para dizer: 'passem longe daquele teatro nas próximas três semanas!'. Apesar de tudo, o final foi muito feliz, pois tudo que começa e anda mal, termina bem".

"Ainda bem que dormiu, se dormindo viu tanto defeito, imagina acordado". Pensou desolado, mas de qualquer modo não esperava muita coisa daquela crítica. Então pensou de novo: "É... parece que algum de meus amiiiiiiiiiiiiiiiiiiiigos virou crítico de teatro"