O sol volta

Ele estava ali parado. Assistindo o por do sol. A magnitude das cores sempre me encantou. Acho que por ser tão pequena me perdia fácil dos meus país, e aquele homem me pareceu o único que estava ali pacificamente, apenas assistindo o por do sol. Eu estava assustada, perdida e decidi que ele poderia ajudar. Porém não quis demonstrar meu desespero. No auge de meus 9 anos, não imaginava as atrocidades que se fazem com crianças, mas sabia que nem todos eram confiáveis e que alguns nos machucavam. Comecei a observar o rosto, não parecia feliz, aliás, parecia com um dos personagens angustiados dos filmes de amor que via minha mãe assistir. Nesse momento, apesar do medo, não achei interessante me aproximar rápido. Decidi então, chegar devagar, ver se era de confiança para só então pedir ajuda.

_moço, sabia que eu gosto muito de sapos?_

Sei que parece besta, mas aos nove anos, não sabia como pedir ajuda. O silêncio mortal nos tomou, ele me olhando, e não sei dizer o que eu via. Os olhos dele se fecharam por alguns segundos, e naquele momento imaginei que algo ruim iria acontecer. Porém ele os abriu junto com um sorriso, olhou para mim e com uma feição mais simpática me disse

_ Eu também, aliás, acho que pareço um!_

Comecei a rir, inocente e sem entender o que ele disse. Nesse momento ele riu comigo, e me disse:

_Seus pais menina, não devia falar com estranhos, principalmente por aqui, é perigoso!_

Foi quando meus olhos, que até agora tinha conseguido conter, se encheram de lágrimas, e sentei no chão ao lado dele. Soluçava, em desespero, o som do mar revolto a frente deixava tudo ainda mais confuso em minha pequena cabeça. O Homem, apesar de desconhecido, aproximou se e com suavidade perguntou

_Se perdeu deles? _

Tudo que consegui foi acenar com a cabeça. Vivia perdida, mas daquela vez era mais grave. A praia era imensa, e todos ali tinham características parecidas. Criança como era, não saberia descreve los, e ali sem saber deles, chorei desolada. O homem então, decidiu que iria me ajudar, começou a perguntar me sobre meus pais, onde os havia visto por último e onde foi que me dei conta de estar sozinha. Depois de tudo respondido, ele tocou em meu ombro, levemente, e começamos a andar na direção dos quiosques, lá havia me dado conta de estar sozinha.

No caminho, apenas meus soluços rompiam o silêncio, porém caminhava com medo, medo de ele me fazer algum mal. Mas caminhava. Nunca uma criança deve confiar em estranhos, mas em meu desespero o fiz. Chegando aos quiosques, fiquei observando ao redor em busca de meus pais. Nada. Quando noto então, o homem parado olhando para o sol. Me aproximo lentamente, quando me nota, ele diz

_O sol sempre vai, mas sempre volta. Não esqueça disso menina, ele sempre volta._

Toquei sua mão de leve, ele a retirou depressa, havia certo receio, hoje penso que prudência da parte dele. Acenei com a cabeça e sorri. Interrompi seu momento de reflexão, com mais lágrimas, afinal ainda não havia achado meus pais. O homem então abaixou, tentando me acalmar, mas cada vez mais eu chorava. Foi quando em um grito de alívio, ouço minha mãe, como sempre escandalosa

_ROOOOOOOOOOOOOOOSA!_

Meus pequenos olhos se ergueram, e pude ver o homem levantar se e aos poucos se afastar. Minha mãe me tomou em seus braços, porém queria despedir me do homem que me ajudou. Dei um grito,e ele me olhou, voltou alguns passos, e ainda no colo de minha mãe lhe agradeci a ajuda.

_Obrigada por não me deixar sozinha nem me machucar, você é muito legal!_

_ O sol, lembre do sol! _

Minha mãe lhe agradeceu, disse algo sobre pessoas boas ainda existirem e nos separamos. Enquanto caminhava ainda olhava para trás, imaginando o que ele queria dizer com aquilo.

O sol voltou, assim como meus pais, e espero que para ele o sol também tenha voltado, e ainda esteja voltando. Hoje percebo, que a escuridão não é eterna, e que a luz sempre volta, o Sol, que ele tanto disse, sempre estará lá. Foi no dia em que mais estive perdida, que aprendi, que as dores sempre findam, e me tornei tão grata, ao homem que me ajudou, e me deu esperanças.

Não é a melhor coisa que já fiz, mas a inspiração e os agradecimentos são sinceros, ao meu querido, que me desafiou e retirou o desafio, algo tão aleatório mas que realmente me fez pensar. O sol volta, e pra mim tem voltado com a sua ajuda. Meu bem. (PCS ou N)

Olinda
Enviado por Olinda em 25/02/2016
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