CLANDESTINO
Entrei no ônibus pingando de sono. Bilhete número 41, bem lá cozinha, junto à porta da latrina. Me sentei. Não! Me esparramei na poltrona. Mal assim me acomodei, dormi. E pronto comecei a sonhar com Denver ou com arrozal, ou misturando os dois, como num arrozal lá do Colorado, apesar de hoje esse Estado dos EUA ter se tornado uma grande lavoura de maconha, criando o chamado "Hemp Belt". Mas voltemos do sonho para o ônibus... Então me acordaram. "Já chegamos", pensei em estado REM. Olho pela janela... Verifiquei que ainda estava em Ipameri. O ônibus nem tinha saído.... Deslocamento zero. Quem me acordou foi a moça do guichê de passagens quem tinha me despertado dando solavancos em meu ombro esquerdo.
_Senhor, posso ver seu bilhete? Está sobrando um passageiro.
Que diabos, todo mundo desandou a me chamar de Senhor! Minhas cãs devem transmitir alguma impressão de autoridade. Lhe entreguei a passagem, ainda meio grogue.
_Desculpe ter te acordado, mas Catalão é para o outro lado. Esse ônibus vai para Goiânia. O seu ônibus é aquele ali do lado. O motorista não conferiu direito seu bilhete.
Desci do ônibus errado e me encaminhei para o certo. Saí da possibilidade do sonho e caí no pesadelo da realidade. Tudo tem dois ou mais lados, mas meu inconsciente sempre opta pelo lado errado.
_Senhor, posso ver seu bilhete? Está sobrando um passageiro.
Que diabos, todo mundo desandou a me chamar de Senhor! Minhas cãs devem transmitir alguma impressão de autoridade. Lhe entreguei a passagem, ainda meio grogue.
_Desculpe ter te acordado, mas Catalão é para o outro lado. Esse ônibus vai para Goiânia. O seu ônibus é aquele ali do lado. O motorista não conferiu direito seu bilhete.
Desci do ônibus errado e me encaminhei para o certo. Saí da possibilidade do sonho e caí no pesadelo da realidade. Tudo tem dois ou mais lados, mas meu inconsciente sempre opta pelo lado errado.