Uma Rosa para Berlim - 15 de janeiro , dia estranho
O mês de novembro se 1940 passa com o meu
grupo de amigas frequentando dia sim e dia não o
local de meditação e relaxamento. Dezembro entra
nós passamos a ficar mais tempo no sítio. Partici
pamos do solstício de inverno e ficamos completa
tamente fora do mundo . 1941 começa e as poucas
informações que temos é de guerra daqui e dali. Pro
curamos, sempre, saber algo do que ocorre no mundo.
No dia 15 de janeiro de 1941, quarta feira , estamos
no sítio. Vemos viaturas militares ao longe.
- Meninas ! - Grita sigrun. Estamos espalhadas fazen
do ,cada uma, alguma coisa. Eu estou varrendo o
quintal. Liesel está guardando legumes colhidos.
- Todas para dentro ! - completou ela recolhendo
roupas enxutas - rápido por favor ! - insiste ela.
Entramos todas para dentro e Sigrun vai até a biblio
teca e abre um alçapão. Corro para pegar uma blusa
que caiu na sala. Então vejo, pela janela, veículos se
aproximando rápidamente.
- venha para cá , Nina ! - Gritou ela nervosa. Corro
e entro no alçapão sem entender nada do que está
acontecendo pois, pensei que tinha acabado a fase
de fuga . É um quarto escuro e quase não vejo mi
nhas amigas. Fico próxima da entrada do alçapão.
Escuto 2 tiros e gritos.
- sei que tem alguém com você ! Judia !
- Não tem ninguém comigo ! - gritou Sigrun.
- Informações de vizinhos nos deram conta de que
você esconde fugitivas e uma judia .
- Informação errada ! - grita outra vóz.
- Mate-a e daremos por encerrado a missão ! - grita
alguém afoito - mate-a e entreguemos ela como ju
dia . A não ser que ela entregue suas protegidas.
Escuto o barulho da pistola sendo carregada. Saio ,
de um salto , do alçapão e corro para a sala.
- É a mim que procuram ! - grito vendo Sigrun com
uma pistola na cabeça. O oficial que segura a arma
me olha e sorri. Empurra Sigrun para o lado.
- Nina Schaffer Kohl ! - se aproxima e me dá um
tapa no rosto - vadia imunda ! - encosta o cano da
Luger na minha testa - sei que sempre anda junta
com outras vadias ! - pressiona o cano da arma na
minha testa - vá dando as informações que quero.
Sei que tem mais meninas aqui ! Falem ou mato
as duas agora e coloco fogo na casa !
Então vejo sair da biblioteca uma por uma. Olho
para Sigrun e vejo ela fazendo sinal com a cabeça,
de desaprovação. Vejo Lisel-Lotte tremendo.
- Ninguém aqui representa perigo para vocês ! - gri
ta Sigrun - nos deixem em paz !
- Tenho uma missão para completar e vou comple
tar ! - grita o comandante da operação, um homem
magro e alto de fisionomia malévola - dou vocês
às feras e sou promovido ! - e solta uma gargalhada.
- Coloquem todas no caminhão e vamos embora!
- Eu sou a judia ...deixem as outras ! - grita Liesel.
- cala sua boca , sua imunda !
- não podem fazer isso ! - grita Lale - meu pai é mili
tar e quero que falem com ele.
- Foi feito uma investigação , Lale Gräfe ! Seu pai
ficou horrorizado quando soube onde estava meti
da ! Lavou as mãos ! - Olha para mim - seu tio tam
bém lavou as mãos , Nina Schaffer !
- Me desculpe por metê-la nessa situação ! - falo
olhando para Sigrun - me perdoe !
- Não fique culpada não , Nina ! - disse o oficial -es
távamos investigando ela também ! Está com a
ficha suja. Andou dando fuga a judeus !
- Eu é que prejudiquei vocês ! - disse Sigrun abaixan
do a cabeça - devia ter informado a vocês que mi
nha cabeça estava a prêmio !
- Não adianta chorar o leite derramado ! - disse
Nina Hübner sendo puxada para dentro do cami
nhão - quem sabe o pai de Lale interfira?
- Calem a boca se não vou começar a atirar ! - orde
nou o comandante - nem mais um pio e eu atiro.
Vejo saquearem o sítio e quebrarem muitas coi
sas. Somos colocadas em um caminhão e vigiadas
por soldados bem armados. Temos caminhões com
soldados à nossa frente , atrás e motocicletas nos
cercando nas laterais. Somos levadas dali.