Susto
Tentava ler, mas só passava os olhos pelas letras do livro. Sem paciência para a leitura, foi tentar assistir um filme. Cezar Lusco esticou as pernas no sofá e fez um suco de laranja natural. Na TV estava passando "Django Livre" do Quentin Tarantino. Filme que já tinha visto umas 3 vezes, mesmo assim, resolveu ficar ali e vê-lo novamente. A mistura de faroeste, cenas divertidas e litros de sangue (marca do Tarantino),faziam os olhos de Cezar ficarem atentos agora. Mas, o filme estava no fim, e logo terminou. Abandonou a TV e foi "bisbilhotar" a internet. Entrou no Facebook e ficou lá durante umas 4 horas, não viu o tempo passar. Cansado, foi comer um sanduíche de frango com passas e suco de maracujá. Então, lá pelas 20 horas, Cezar voltou a leitura que abandonara no início do dia.
Fazia tempo que buscava uma leitura edificante, mas aquele autor não estava lhe agradando. Desistiu. Porém, ao menos, veio-lhe um delicioso sono.
Imerso no sono, Cezar estava a caminhar em uma imensa livraria. Parecia muito antiga e enorme. O ambiente tinha algumas mesas de leitura, em uma delas estava um homem que parecia ele. E realmente era ele. Porém, mais velho, bem mais velho. Percebeu, também, que não estava no Brasil, pelo frio que sentia e pelo falar das pessoas. De repente, uma música triste começou a tocar e seus olhos encheram-se de lágrimas. Olhou para o homem que era ele mesmo. Percebeu que este estava a escrever compulsivamente. A música não parava de tocar. Foi em direção ao homem. Chegou bem perto dele, que estava cabisbaixo, Cezar tentou tocá-lo. Na hora que fez isso, um livro caiu, inexplicavelmente, em suas mãos : "A história de um homem solitário" de Cezar Lusco. Sentiu um mal-estar e desmaiou. Quando abriu os olhos estava em sua cama e acordou assustado. Durante todo o dia ficou com uma sensação de estar sendo observado. Por muitos olhos. Sendo lido e relido.