Uma Rosa para Berlim - Grupo de Guerreiras

Noite fria do dia 11 de novembro de 1940. Passa

mos a beber vinho francês. Observo no rosto de Nina

Hübner uma certa tristeza.

- O quê está acontecendo , amiga ? E o seu cabaré ?

Ingeborg passou a dirijí-lo comigo e, há 4 mêses atrás

desbarataram uma quadrilha da qual Ingrborg perten

cia. Quebraram o cabaré e mandaram ele para a Itá

lia. Foi quando pediu para eu tomar conta de você.

- vai estar tudo bem com ele ! - Falo abraçando-a.

O silêncio toma conta do lugar e Lale e Lili vão para

a cozinha. Estou me sentindo cansada. Fico na jane

la observando aquele bairro um pouco sujo. Parece

que o tempo voa pois, ouço a vóz de Ina gritando.

- Macarronada para todas ! ...coloque o vinho, Lili !

Vito-me e vou para a sala de jantar. Mesa posta e eu

sou a última a sentar. A mesa é retangular e quem

senta na cabeceira é Lale , que parece fazer uma ora

ção silenciosa. Depois dá inicio ao jantar.

Bebo o vinho quase todo , antes de começar a

comer. Como com vontade e pego mais vinho.

Após jantarmos , vamos para a janela . Vemos

uma correria na rua com a GESTAPO aparecendo.

Todas nós ficamos curiosas e corremos para a ja

nela. Mais de dez homens da GESTAPO passam

olhando para todos os lados. Os moradores ficam

curiosos e correm para suas portas.

- Correu pra lá ! - grita um morador apontando para

a direita - atrás de um dos carros !

Procuro entender o quê está acontecendo. Vejo al

guém se esconder atrás de um carro que pára na

porta da casa de Lale. Parece uma mulher e nova.

Lale vai até a porta e abre estendendo a mão para

a moça. Esta aceita e , antes que a GESTAPO perce

ba , Lale a coloca para dentro de casa. Moça da nos

sa idade , mais ou menos minha altura. Tem os ca

belos castanho-claro e longos. Usa roupa de frio de

côr marron-escuro . Botas militar e está assustada.

- O quê está acontecendo ? - inquiri Lale olhando-a.

- Estou sendo acusada...

- Você é judia ! - disse Lili olhando-a bem dentro dos

olhos côr de mel - uma judia !

A Garota corre para a porta e é segura por Lale.

- Se sair vão te pegar , menina ! - disse Nina Hübner

se colocando na porta - Ninguém aqui fará mal a

você ! Pode ficar tranquila !

- Isso mesmo ! - garantiu Lale - sou da Bunder mas

sou contra a perseguição aos judeus !

- Deve estar com fome ! Falo apontando a cozinha -

Coma alguma coisa !

- Isso mesmo ! - afirmou Lale - vá comer alguma coisa.

- Qual é seu nome ? - pergunto.

-Liesel-Lotte Bremmer ! De Bonn !

- E o quê está fazendo aqui ?- pergunta Erna se apro

ximando dela - conseguiu chegar aqui como ?

- Pegaram minha familia para mandar para a Suissa

e soube que poderíamos acabar em algum campo...

Fugi e consegui chegar aqui disfarçada. Mas descon

fiaram e me denunciaram.

- Aqui ninguém vai te entregar , Liesel-Lotte ! - falo

para ela que começa a se acalmar. Marija coloca

uma cadeira para ela se sentar e é o quê ela faz.

Lale aparece com um copo de água e oferece para

Liesel-Lotte e ela pega e bebe. Ina passa para a sala

de jantar com uma bandeija farta e fala :

- Jantar servido ! - e põe na mesa - quer vinho ?

- Apesar de meus pais proibirem, vou beber um pou

co para relaxar.

Nina Hübner a guia até a sala de jantar e vamos

juntas . Todas a observa jantar.

Liesel-Lotte não está nem ai para os olhares. Co

me com vontade e Lale oferece mais. Ela aceita e

bebe mais vinho. Ela relaxa e fica com ar mais doce.

Estava retraida . Depois fica olhando a casa toda e

nós a acompanhamos. Lale mostra todos os cômo

dos. Depois de relaxada Lale olha para mim e Erna.

- Mostrem a ela pelo quê passaram !

Entendo o recado e tiro a roupa mostrando minhas

marcas e tatuagens de prisioneira. Marija faz o mes

mo. Erna segue o mesmo ritual.

- Feito pelo próprio tio que é militar fanático.

- Que loucura ! - fala Liesel-Lotte horrorizada.

Ficamos todas relaxadas. Lale leva ela para um dos

quartos e depois para tomar banho. Lale conta sobre

nós para ela e ela está bastante interessada.

Marija e Erna ficam na janela. Eu fico olhando para

a rua e não vejo mais os militares.

A noite do dia 11 de novembro de 1940 parece

ficar muda e o silêncio reina. Escutamos o chuveiro

aberto e a vóz de Lale cantando Lili-Marleen.

Mais tarde...todas vamos dormir após fazermos nos

sa higiene. A luz se apaga e pego no sono.