Cidade Vazia
Na cidade vazia está o meu quarto repleto de livros, filmes e discos. Quando leio ouço vozes e elas são muitas. Cada autor me fala de um jeito. Não há a solidão que nas ruas vigora. Cada obra tem uma história particular que finda na minha aquisição. Leitor voraz que sou, conto com desejos de conhecer trabalhos de escritores diversos. Conhecer os cineastas expoentes em suas artes é minha outra vontade, cinéfilo inveterado desde a adolescência. Assim com os discos, as músicas, sou ouvinte atento, mergulhado nas notas, timbres, nas pausas e nuances sonoras. Noto que com o passar dos anos meus hábitos se tornam mais íntimos, tendo por mim estreitos laços de amizade. Que prazer poder escolher entre vários títulos um cuja conversa é a mais apropriada para o instante acolhedor. Hoje é domingo e a cidade está vazia. Há silêncio onde moram canções adormecidas, palavras não ditas e de repente um livro é aberto, um aparelho eletrônico é acionado e as cores surgem vibrantes e a alma se revigora muito bem alimentada.
Ressurge a paz interior motivada por esses entretenimentos. A cultura é diversão para o seu buscador. Dessas amizades também se sente saudades provocadas por lembranças de bons autores. Nesse momento de paz caço um título de Mia Couto -Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra- e vinco a capa para melhor abertura e, novamente, alimento minha alma, devorando-o. Uma música ambiente bem baixinha acompanha-nos.
Bom apetite!