Ajoelhou, tem que rezar (IV)

Conto - Série: Ditados populares

Após beber muito a tarde toda, por ciúme e desilusão com a própria vida, Quinzinho resolveu perturbar a todos que cruzassem à sua frente, uma vez que sua vida já estava também confusa e amarrada.

Assim, saiu pela cidade com a língua afiada e toda uma valentia a mostra. Por isso levou pés de ouvido, ouviu chacotas e foi vaiado. Na praça foi expulso e empurrado, pois já perturbara demais.

Até que resolveu acompanhar alguns jovens animados e alegres. Eles até lhe cumprimentaram, o que lhe incentivou a mexer com eles e assim, nem bem abriu a boca para zoar com aquela turma, puxando briga, eles entraram por uma estranha porta..

Quinzinho nem percebeu o que era ali, mas entrou também. Afinal ele ainda não dera o seu recado àqueles atrevidos e felizes jovens.

E cambaleante e valente, ele também entrou pela mesma porta.

Lá dentro, alguns dos fiéis lhe convidaram a sentar num dos bancos da pequenina igreja, onde todos cantavam felizes.

O estranho ambiente mantinha seus pés pesados, não o deixavam sair daquele lugar.

De repente uma paz invadiu sua alma. Ao longe um pastor pregava algo ininteligível, ao seu estado normal, como o do verdadeiro encontro com alguém que Quinzinho não sabia quem era.

Contudo, inexplicavelmnete, ele ouviu uma forte voz interior que lhe dizia em bom tom:

- Ajoelhou, Quinzinho? Agora tem de rezar.

Ele nem percebera, mas ele já se encontrava de joelhos, com lágrimas nos olhos, sóbrio e com um imenso desejo de ser uma nova criatura.

anna celia motta
Enviado por anna celia motta em 30/01/2016
Reeditado em 31/01/2016
Código do texto: T5527796
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