SUBLIMANDO EMOÇÕES
Lucrécia liga para Rômulo seu ex-namorado:
- Rômulo, não sei o que fazer: minha cabeça está estourando; não aguento mais minha vida. Me sinto sufocada, perdida... minha pressão está nas alturas; não consigo sair de casa. Meu médico disse que estou com fortes sintomas de depressão; acho que estou enlouquecendo...
Independente do horário avançado (eram três e vinte da manhã), Rômulo vai à casa da ex. Com todo carinho ele cuida de Lucrécia que estava completamente bêbada quando ele havia chegado.
Toda vez era assim. Não se passava um mês sem que Lucrécia tivesse de seus achaques e chiliques e faniquitos. No emprego a maioria dos colegas não mais a suportavam, apenas a toleravam.
Rômulo buscou ajuda para sua ex-namorada. Um bom psicólogo. Um analista de renome. Um cardiologista e até um pastor anglicano.
Sua melhora foi algo surpreendente. Todos admiraram a sua radical mudança. Rômulo foi quem mais exultou com aquela transformação. Enfim ele iria ter um pouco de paz; iria dormir tranquilo.
No mês seguinte, entretanto o celular toca insistentemente sobre o criado mudo. Era Lucrécia. "O que será dessa vez, meu Deus" se pergunta.
- Rômulo, preciso de sua ajuda!
"Essa não, de novo não!" Pensa Rômulo.
- Fala Lucrécia, os devaneios voltaram não foi?
- Não, Rômulo, não é isso. É que ainda não me acostumei com minha mudança. Esse tédio está me matando...