O PACIENTE
Conto de:
Flávio Cavalcante

 
     A história a seguir pode ser polémica na visão de algumas pessoas que aparentemente defendem a vida e para outras pessoas veem a situação abordada como um fato normal. Ambas opiniões levaram a uma tese de opiniões e discussões bastante interessantes.
 
     Pedro sempre gostou de trabalhar no ramo hospitalar apesar de educado criava ali uma família dentro de um hospital bastante popular e a cada paciente que ele era designado para cuidar dentro do hospital ele dava a assistência como se o paciente fosse de fato da sua família. Em pouco tempo de profissão o enfermeiro passou a acumular um acervo de histórias ainda não vista na sua vida. Que se juntadas daria um belo livro.
 
     Ele pensava que não ia conseguir tirar de letra a sua missão . Ali ele viu como Era difícil lhe dar com a morte. Naquele lugarzinho, que ele chamava de o cantinho da despedida desse mundo terreno. Pedro em pouco tempo de trabalho já conhecia a hora que um paciente estava dando adeus e partindo para a eternidade. Ele começou a enxergar a vida como ela é de fato. Que tudo que tem o seu começo um vai ter o fim e aquele lugar infelizmente e o fim de uma vida para aqueles que desfrutaram seus últimos momentos aqui na vida terrena.
 
     Cada dia naquele lugar era um aprendizado para Pedro. Principalmente ter a sensação de inútil, pois, existem situações que num determinado momento na sua profissão que não se podia fazer absolutamente nada.
 
     O relatório de cada situação era um ponto chave que ele fazia até para deixar guardado momentos que de repente iam ser interessantes para algum estudante de alguma universidade.
 
     O último paciente que o Pedro foi designado para cuidar era um paciente terminal com um problema de câncer. Tinha uma vida vegetativa. Até a respiração era através de aparelhos. Pedro tinha uma coerência na sua opinião. Ele achava que um paciente na condição que estava aquele senhor de quase noventa anos de idade naquele estado vegetativo só prolongava ainda mais o seu sofrimento. Ele via ali uma forma de dar a ele uma morte digna de quase nenhum sofrimento. Mas atava suas mãos por causa das leis do país que nesse ponto são severas. Num caso assim ele defendia a eutanásia.
 
     - Ele já morreu há bastante tempo se fosse na forma natural. A tecnologia nesse caso não veio pra somar. A vida para aquele senhor já foi. Ele já cumpriu o seu ciclo natural. Mas por ordem de uma lei do homem a natureza nesse caso ficou em segundo plano. 
     Com estas palavras ele causava polêmica e ele sofria com o sofrimento do seu paciente que cuidou até o último suspiro. Ele também ficava impressionado com a covardia da atualidade. Não conseguia entender que tipo de esperança eles estavam esperando. Talvez eles partissem da ideia dos nossos antepassados que a esperança é a última que morre, mas o enfermeiro insistia em dizer que aquele senhor já estava morto.
 
     No meu ponto de vista eu daria a ele uma morte tranquila e sem dor. A eutanásia é um tema polêmico e a sua prática é considerada crime perante as leis no nosso país, sou obrigado a concordar com a opinião do Pedro até porque nesse caso se trata da lei natural da vida. O ser vivo nasce, cresce e depois morre. Os que fazem as leis deveriam se posicionar no lugar do paciente e rever essas leis retrógradas e errôneas que tem o intuito de facilitar a vida das pessoas, mas esquecem porém que cada caso tem o seu caso e no caso do paciente aos cuidados do enfermeiro Pedro esta tecnologia só veio pra atrapalhar e prolongar o sofrimento impedindo dele ter a liberdade de ter uma morte digna e respeito pelo cidadão e pela natureza.
 
 
Flávio Cavalcante
Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 24/01/2016
Código do texto: T5521421
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