No colo de DEUS…

Não sei que tenho, não sei o que sinto … Deitada no velhinho sofá da casa, depois de ter lido um livro que já estava no final, dei conta de que meu corpo se sentia sem forças para me levantar … De um momento para o outro, minha alma entristeceu-se e uma tristeza abateu-se sobre mim… Foi como se uma nuvem negra me tivesse coberto e esmagado… Tristeza que me deixa muito cabisbaixa e desanimada… Aqui, em casa, entre quatro paredes, por vezes sinto-me sufocar, pareço já fazer parte da mobília da casa.

Pareço um cómodo necessário para que a casa se sinta “feliz” … Mas há alturas, em que eu já não consigo mais estar dentro dela… Preciso do ar fresco, que se faz sentir lá fora, para arrebitar … Levantei-me a custo, daquele velhinho sofá, tão usado por todos que visitam a casa dos meus pais, e dirigi-me ao exterior da casa.

Um espaço aberto com terra, quintal, onde “habitam velhas e lindas árvores de fruto, junto de diversas espécies de plantas, tanto de flor como sem e alguns produtos agrícolas…Espaço lindo, ladeado por passeios de cimento, para que se possa caminhar … Caminhei por aqueles passeios de cimento, feitos pelas mãos carinhosas de meu querido pai, até a um velhinho banco de cimento que ele também fez, para descanso aprazível de podermos sentir o cheiro das flores e da terra que ele tão bem cuidava… Sentei-me nesse banco de pedra, e fiquei a olhar o céu e tudo que minha vista alcançasse … Não sabia o que tinha, o que sentia, simplesmente um peso sobre meus ombros, como se carregasse sobre eles o mundo inteiro… Sentia-me cansada, e suspiros pesados saíram de meu peito… Uma lágrima quis “saltar” do seu cantinho, mas eu segurei-a no “parapeito” de meus olhos verdes... Ali ficou, até arranjar maneira de conseguir “fugir” e acabar por fazer seu leito no canto da minha boca …

Levantei-me do banco e dirigi-me ao alto do quintal, e aí então soube o que me pesava, o que me tinha posto assim… Vi-a, ela olhava para mim, com um ar de desânimo, falta de alegria, e com recordações dolorosas para eu novamente viver… A TRISTEZA queria ser minha companhia novamente… Queria andar de braço dado comigo, que eu ficasse num cantinho sozinha, fazer minhas lágrimas cair, meu nariz fungar, e que meus olhos ficassem vermelhos de tanto chorar … Lembrei-me, de há uns tempos atrás e pensei para mim mesma, ah, isso não, não iria de novo acontecer, porque o que eu preciso é de ter alegria para Viver … Mandei-a embora, mas ela teimou em ficar. Amuou, deu voltas e voltas e acabou por a mim se agarrar … Agarrou-se com tanta força, que foi difícil dela me desenvencilhar … Foi precisa uma força enorme, uma força diferente, veio de dentro de mim…A força de que o que é verdadeiro e real eternamente fica connosco, nunca parte, e que por isso temos de avançar em frente… Consegui então, dela me ver livre, e por isso pedi a Deus que a levasse se possível, de mim para sempre, ou por largo tempo a afastasse … Não consegui ouvir o que Deus me disse, mas senti e sei que Ele o iria fazer… Que me protegeria de eu voltar á tristeza e perder o Dom da Alegria que eu ainda tinha …

Chegou o fim do dia… Anoiteceu … Cansada, mas ainda com forças, pensava eu, para ler um livro que ansiava começar, deitei-me sobre a minha cama, mas acabei por adormecer… Adormeci profundamente. O cansaço conseguiu fazer com que entrasse num sono profundo e reparador, e era isso mesmo que eu precisava…

Quando abri os meus olhos, vi Deus a meu lado, sentado na beira da minha cama… Lindo, Deus ali a meu lado. Sua Luz era a mais linda que eu alguma vez tinha visto, e Seu Divino rosto Sereno e Amor. Quanta alegria e felicidade, como era possível, eu ser merecedora de tal “milagre” … Sorriu para mim, e eu saltei para Seu Divino colo, como se menina ainda fosse. Ele riu e pegou em mim… Que feliz eu estava… Ouvi tudo o que Ele me disse, sem trocarmos literalmente uma única palavra audível … Falamos com o coração … E eu continuava no Seu Divino colo, olhando Seu Divino rosto e sentia que ficava cada vez mais leve de tudo que me pesava… E que em mim crescia mais FÉ do que aquela que eu tinha…

Dei-me conta de que me sentia perfeitamente bem. Nada me incomodava, e em mim só sentia Amor e Alegria … Estava leve, serena … A tristeza havia desaparecido e eu sentia-me menina, ainda de alma e coração inocente… Sem mágoas, nada me incomodava, nada … Olhava-O, e ficava como que hipnotizada com o imenso Amor e alegria que emanava Dele.

Abracei-O e beijei Seu Divino rosto… Ele sorriu, e abraçou-me também, fez um carinho em meu rosto, e pousou-me no chão… Mandou-me olhar para o céu, e sobre mim, soprou milhentas borboletas brancas que envolveram o meu corpo … Elevaram-me e foram minhas asas… Com elas, voei pelo universo… Vi de tudo um pouco… E vi que minha tristeza, não era única, nem a pior de todas as tristezas da terra. A minha tristeza era de saudades e era leve ao pé de outras tristezas que eu tinha visto. E apesar da profunda tristeza que sentidam, ainda sorriam e em seu coração estava a alegria da fé em Deus. Tinha percebido a mensagem, e por isso, quis voltar, e as milhentas borboletas transportaram-me até junto de Deus de novo, embora eu tenha tido a percepção de que nunca havia saído do lado Dele. Quando cheguei, Ele disse-me, “ Viste, agora faz o que tens que fazer. Mesmo triste, que tua tristeza seja sempre acompanhada de teu sorriso, porque o sorriso é a luz que ilumina outros corações, e torna leve quem de ti se aproximar. Vai, em paz, e que saibas que meu colo está sempre aqui para ti.” Senti-me cair, e abri meus olhos, e vi que tinha sido um sonho… Mas um sonho bem real, pois sei bem o que senti. Dei-me conta de que quando eu penso que estou sozinha, nas minhas horas tristes, Deus tem-me em Seu colo, dando-me conforto e força e Amor …

( Cont.)

In: O colo de Deus...

Maria Irene
Enviado por Maria Irene em 21/01/2016
Reeditado em 21/01/2016
Código do texto: T5518722
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