PINGA TEMPORÃ
Era final de tarde. Manguaça bebia sua pinga na calçada de um bar ali no Parque Santa Cruz, um antigo lixão que em dédalos de ruas virou bairro. Bebia, degustava e apreciava. Então passou o Calção, um desses sujeitos que catam coisas nas ruas e nunca vestem calças nem calçam sapatos. Carregava duas sacolas daquelas do Carrefour cheias de mangas da hora. Cumprimentou:
_ E aí Manguaça, tudo bem, bebendo aquela que matou o padre?
_ É isso aí, Véi. Só no ouro!
_ Cê num quer umas mangas?
Manguaça fez uma careta, e redarguiu:
_ Obrigado, mas vou recusar!
_Causa o quê?
_É que em época de pinga, em não chupo manga!
Tá certo, tudo tem sua época, mas a pinga é eterna. Época de pinga é extemporãnea.
_ E aí Manguaça, tudo bem, bebendo aquela que matou o padre?
_ É isso aí, Véi. Só no ouro!
_ Cê num quer umas mangas?
Manguaça fez uma careta, e redarguiu:
_ Obrigado, mas vou recusar!
_Causa o quê?
_É que em época de pinga, em não chupo manga!
Tá certo, tudo tem sua época, mas a pinga é eterna. Época de pinga é extemporãnea.