DURANTE A NOVELA

 

Zé Lopes,  o Catuaba, morador do Setor Crimeia Oeste, levantou-se da mesa lá no Bar do Marrom e disse para seus parceiros de jornadas etílicas:
_ Turma, preciso ir. Picar a mula...
Foi um uuuh! só.
_ Qual é Catuaba? Tá traindo a gente? Vai arregar? Senta aí!
_ Sacumé, né turma, tem jeito não, tenho que chegar em casa antes de acabar a novela...
Então picou a mula.

(...)

Chegou e entrou em casa, procurando fazer silêncio e esconder seu deplorável estado pós-cachaçada, pois a esposa estava sentada no sofá assistindo a dita cuja.
_ Zé? Então você chegou? Vem cá ver...
A novela estava naquela hora humorística, em que mostra a falta de elegância do "Núcleo Favela". Só funk e barulheira, piriguete espinafrando piriguete, só para saber quem era a mais popozuda. Além de marido querendo trair a mulher e mulher comentando os sofrimentos da patroa.
_...Vem ver a novela... É o Humberto Martins! Sempre desconfiei desse safado com buraco no queixo. Não é de ver que o mala chega em casa na hora do BBB118, para pegar a Eliane Giardini distraída assistindo aquela semvergonhice de bigbróder e nem ligar para as safadezas dele.
"Droga! Eu podia chegar mais tarde!", pensou. Então terminou de ver o resto da novela com a esposa e depois assistiu o BBB118. Torcendo para uma menina ingênua lá do Paraná, que caminhava dezoito kms por dia só para cursar o Ensino Médio lá em Prudentópolis. Uma polonesinha danada de jeitosa que tinha vergonha de usar biquíni. Por sorte nessa semana ela era a líder.