A MAÇÃ E A MINHA PROFESSORA
Em 1957 eu morava em São Borja RS, estudava no Colégio Getúlio Vargas, era o meu terceiro ano do curso primário, com 10 anos de idade.
Morava eu no Bairro chamado Passo e, para me deslocar, tomava o ônibus diariamente, claro usando orgulhosamente meu guarda-pó branco, bem engomado e com o emblema de meu colégio bordado no bolso. Enquanto aguardava o ônibus chegar ficava sentado nas raízes expostas de uma grande seringueira que existia na praça central da cidade. Além de alguns colegas tomava também o referido ônibus, a minha saudosa professora. Ela descia antes e então eu a via entrar em sua casa, morava ela bem em frente à parada.
Certo dia, achei por bem lhe fazer um agrado em retribuição à dedicação que prestava aos seus alunos. Fui até à minha casa e apanhei uma bonita maçã, comprada nas idas à cidade argentina e fronteiriça São Tomé. Comprávamos em caixas pelo baixo preço. Com aquela maçã na mão me desloquei em direção à casa da minha professora, bati e esta então abriu a porta e se surpreendeu com meu presente, agradecendo então.
Esta história eu conto fazendo uma comparação com os dias de hoje, onde as professoras são chamadas de “tia”, os pais ameaçam os professores por cobrarem atitudes inconvenientes dos seus filhos, hoje os alunos não podem mais repetir o seu ano letivo e assim por diante. Por tudo isso, vemos as pessoas escreverem, ”poriço”, ”concerteza”, ”ipocrezia”, etc.
Se quisermos salvar este país, temos que cobrar mais dos filhos e o governo investir mais em educação, e aprender a admirar nossos professores, não necessariamente os presenteando com maçã, mas ao menos respeitá-los mais.