A Treplica
Eric do Vale
“Nunca diga jamais
Pra não errar
Essa história de amor bem que pode virar
E você vai ficar
Com todos menos comigo”
(Com Todos Menos Comigo: Guido Vitale & Edgard Poças)
O continuo veio até a minha mesa trazendo um embrulho e disse:
- É para a senhora, dona Lourdes.
Agradeci e quando li o nome do destinatário, fiquei admirada: Amaury Rangel.
Faz mais de três anos que não o via, embora falasse, esporadicamente, com ele, pelas redes sociais. Não vou mentir que fiquei muito surpresa com aquela encomenda e assim que abri o pacote, vi que era um livro de autoria dele e com dedicatória para mim. Naquela hora, pensei: “Ele conseguiu!”.
O Amaury sempre manifestou o desejo de ser escritor e até chegou a publicar vários poemas e contos em suplementos literários. Fiquei muito feliz dele ter alcançado esse objetivo. Especialmente, porque não se esqueceu de mim. O livro possuía um título sugestivo: Em Pratos Limpos. Julguei que fosse um romance, e era. Então, decidi lê-lo, assim que chegasse em casa.
Narrado em primeira pessoa, a trama relatava a história de um homem que reencontra um antigo amor. Diga-se de passagem: um amor não correspondido. Volta e meia, o narrador fazia menção aquela música, Com Todos Menos Comigo.
Conforme fui lendo-o, verifiquei que a moça a quem o narrador era apaixonado tinha a ver comigo: após dispensá-lo, ela conheceu um outro cara e ficou gravida desse, tornando-se, respectivamente, mãe solteira. Por isso, procurei o Amaury:
- Recebi o seu livro, muito obrigada! Quer dizer que você me considera uma piranha?
- De onde você tirou isso, Lourdes?
- Ao contrário do que você escreveu, eu namorei o pai da minha filha, por um longo período. Depois que fiquei grávida, ele terminou comigo. E assim que a criança nasceu, reatamos e vivemos juntos, durante um ano, até que ele resolveu, novamente, viver a vida dele. Depois disso, passei por várias privações, junto com a minha filha.
Admito que fui apaixonada pelo Amaury. Aliás, pensei que fosse. Pelo pouco que convivi com ele, constatei que os nossos gênios eram incompatíveis. O próprio Amaury sabia disso, pois disse-lhe tudo, naquela época. Na realidade, acho que nunca fui apaixonada por ele e pude constatar isso, logo que comecei a me relacionar com o pai da minha filha.
Pensei que, com o passar do tempo, o Amaury tivesse colocado uma pedra sobre esse assunto, pois sei que, atualmente, ele encontra-se muito bem casado.
-Lourdes, “isso é uma história de ficção, qualquer semelhança...” _ Disse Amaury.
Por mais que ele afirmasse ser uma história de ficção, sabíamos, ele e eu, que havia um quê de verdade.
-Seja honesto, Amaury. Pelo menos, consigo próprio. _ Eu disse.
Ele insistia em dizer que não, então falei:
- Por que mandou o livro para mim?
Tal pergunta, até hoje, permeia na minha cabeça.
Sem obter uma resposta, eu falei:
- Melhor seria, se você não tivesse me enviado esse livro.
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