Arsênico
Ela precisava ir embora, ele não entendia bem.
Pedia pra que ela ficasse
Incessantemente pedia a ela que ficasse
Ela explicava que precisava do voo, suas asas eram grandes demais para caber naquele cubículo abafado
E tudo que tinha dentro de si a sufocava
Ele chorava
Choro desesperado e soluçado igual de criança mesmo
Aquilo a punha em total desespero
Odiava a ideia de magoar alguém
Preferia se aprisionar a ver alguém chorar pedindo pra não ser abandonado
Desde aquele dia, ela começou a arrancar suas asas.
Pedacinho por pedacinho, foi matando a liberdade aos poucos.
Sufocando-se lentamente, como aquele que toma arsênico após um amor mal correspondido.