NAVALHA

Amor que corta feito navalha. Deixa o sangue escorrer seco e faz cicatriz ao mesmo tempo em que se regozija das feridas abertas.

Ele vive do seu amor sofrido, não a permite que se perca no caminho, o que lhe cobra é memória, vive do passado e não a deixa se recuperar do presente.

E ela, mal se enxerga no futuro, o que lhe resta é a melancolia e o sufoco, não reconhece a fuga.

Na verdade não há fuga, deixou ser presa, cobrada e ameaçada.

Em todos os momentos lhe foi negado o alívio, só reconhece a cobrança.

Sua vida é dívida e não dádiva, quando se olha no espelho reconhece o desespero. Não há quem a salve, já não restaram heróis.

Os que passam logo abaixam a cabeça para as telas, hipnotizados e nada interessados, tampouco interessantes. Ela logo recusa o amor e escolhe a perversidade.