O caderno do velho — 1º
Aqui no quarto o vento que vem da rua chacoalha as persianas três vezes ao dia. Uma pela manhã, outra quando é tarde e uma última vez à noite, quando eu me deito. Todas as vezes eu as ouço chacoalharem e emitirem seu som e a mim me parece cartolinas se atritando. É sempre bom, apesar de ser banal. E além disso, também me funcionam como um relógio. Despertador pela manhã: é o que me faz acordar. Três horas da tarde: hora do lanche. E enfim a hora de dormir. Mas esse último, na verdade, está mais para um estímulo. Meu filho dormia com música nos ouvidos; já eu com o som das persianas.