A educação de Jolie

Na semi-Babel em que se criou, Jolie, a Lolly, esteve quase sempre exposta a quatro línguas: português, polonês, inglês e o indonésio. Fora as eventuais, como o francês e o espanhol, de entravam como opcionais.

E, a mais consistente delas, ab initio, foi o polonês, para o júbilo corujal de seus pais. Os primeiros quatro anos e pouquinho de Varsóvia, com a guia de panie Asia e de panie Hania, permitiram-lhe aprender - e a repassar - os contos, as lendas e cantos da carochinha. E chegar ao âmago das coisas como, por exemplo, a nata do leite, e o seu nato deleite por algo além do enfeite.

E no entanto, para nossa recordação, o que mais presente ficou foi quando Lolly escorregava, mas não renegava, em trocar letras, ou mesmo palavras completas, atribuindo às últimas grafadas numa língua determinada, pronúncia de outro idioma. E se corrigia logo, sem recalques ou desfalques.

Assim, quando chamou Mutella de Nutella, achou-se graça nela; idem, o Cappucino virou Cuppacino, Shooting Star, virou Shooping, Instructions virou Constructions, e assim por diante. Mas não houve repeteco. Já mais crescidinha, no Brasil, ao ver um jeepinho de desenho curioso no meio da frota de Fiats e Fuscas, leu-lhe a marca e me perguntou onde se fabricava o gûrgal.

Agora, esperando uma filhinha, em Estocolmo, estou seguro ela bem SAAB que estou ansioso pra ser Volvô...

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 23/11/2015
Reeditado em 23/11/2015
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