Cê tem pipiu?
Era privilégio, ou sina, dos meninos que se sentavam em sua cadeira de barbeiro receberem aquela embaraçosa questão. Alguns até se enrubesciam ao se depararem com tão custoso desafio.
Óbvio era que tinha sim, mas às vezes ter que responder aquilo na presença do pai, ou sob a impressão que o Pai do céu estava de ouvidos em pé, nossinhora, a vontade era de enfiar a cabeça no pescoço afora e ir correndo, indo embora.
Mas cumpria ficar e cercado da alvura, receber a mensal tonsura. Sob tortura. Mas por quê será que o Zé do Vovô sempre insistia naquele mesma pergunta? Será que andava tão esgotado seu arsenal de brincadeiras?
Verdade é que lhe viera como descendência um único filho, varão, o loiríssimo Róbson. Que era ainda mais xodó da mamãe. E tanto foi, que de sua tenra infância, a lembrança que lhe ficou, da extremosa mãe
que seria convocada a subir pelo Pai, ainda na adolescência de Rob, pois é, foi aquela penteadeira que ele ganhara aos seis de idade. E o dito mimo ficava bem exposto à passagem e ao intrigado olhar do passagem.
Para o gosto da mãe, quiçá, o pipiu fosse uma inconveniência. E pro pai uma exigência.