DEIXA O MENINO SE DIVERTIR! (DOIS)

 
 
O menino chegou da escola, e para efeito dessa história ele já estava na fazenda. Depois do almoço ele foi apartar as vacas leiteiras da bezerrada. O pai estava no outro curral colocando a silagem no cocho de tratar gado. O menino soltava os bezerros no pastinho. Só que ele muito demorava nessa tarefa bastante simples e sua mãe precisava dele lá na cozinha para torrar o
café. Mas ouvia lá do curral de apartar o rebuliço da bezerrada. Foi até lá para "assuntar" o que estava acontecendo. Achegou-se até a cerca do curral e o que viu foi uma cena tirada da sociologia de Gylberto Freire. O menino com as calças arriadas em alegre folgança com uma bezerra. A mãe levou um susto, nem acreditava que aquilo existisse de fato, apesar de certa mitologia sobre o assunto. Então gritou para o marido:
_ Ô João Bertoldo!!!
_ Fala Dasdores! Sapeca daí mesmo!
_ Vem cá ver o que o João Maria tá aprontando, ele tá de saliência com as bezerras. Vem tomar uma providência, que o negócio não é muito católico.
Mesmo sendo um péssimo católico, o menino levou um susto e interrompeu o processo de saliência e entrância em que se encontrava. Estava lenvantando as calças quando o pai chegou. Ele deu uma olhada na cena, percebendo o que tinha acontecido, disse à mulher:
_ Ô Mulher! Deixa o menino se divertir! Ele precisa brincar de ser homem, é só treino.
O menino naquele momento deixou a brincadeira e o treino com as fêmeas de outra espécie. Não tinha graça fazer aquilo com plateia, mesmo o pai deixando e a mãe se conformando ante a autoridade bíblica do marido. Aquela saliência exigia privacidade e um mínimo de reserva. Mas noutras ocasiões, ele muito se divertiu