E então... Você existe.

Existir é perceber. Ter consciência do que te cerca, te move, te comove. Situar-se no espaço, ou, na falta dele, além dele. Assim, existir não se pressupõe ocupar lugar ou ter massa. Basta apenas perceber a si mesmo, todo o resto é consequência.

Quando apenas se percebe, transcende-se espaço e tempo. Pois na verdade, os dois são apenas modos particulares de perceber as coisas. De onde venho, percebemos múltiplos espaços, e o tempo, claro, não existe. Assim, como o espaço tridimensional é uma ilusão de quem possui dois olhos, o espaço quadridimensional, na mesma medida, seria a ilusão de quem possuísse três. Na mesma medida em quê, quem tem apenas um olho, enxergará em duas dimensões. Feche um olho, e você perderá completamente a noção de profundidade...

Bem, de onde venho, temos pavor de nascer! O medo que vocês tem da morte, sequer se iguala ao pavor que temos de sermos encerrados dentro de uma caixa caótica, que sufocará todas as nossas melhores qualidades. Quando se morre, quase nunca se percebe... um dia, você se levantará do seu confortável sofá, para ir pegar um gole de água na geladeira, e vai se assustar quando a sua mão atravessar a maçaneta da porta. Mas, nascer... quase sempre te confronta com um trauma contrastante difícil de ignorar. De repente, estarás reduzido a um ponto, uma simples singularidade frágil e desprotegida, numa necessidade tremenda de encher a sua caixa toráxica de um gás dilatador e dolorido. Um dia, você envolvia todo o universo, no outro, você está caindo vertiginosamente para dentro dele. Todas as cores maravilhosas vão desaparecer e tornarem-se reduzidas à nuances de tons pasteis e cinzas mais ou menos iluminados. Você passa a se sentir reduzido ao meio ambiente, ao invés de ser parte dele. Nascer, quase sempre indica um reconhecimento impetuoso e repentino, de estar sendo condenado à aceitar uma ilusão toscamente desenhada na superfície suja de um pedaço de papelão.

Quando você vivia de fato, e conhecia aquilo que hoje vocês chamam de "segredos do universo", o seu planeta era um sonho obscuro e distante, dentro de sua própria mente, e que você saberia que teria, um dia, de experimentar. Claro, pois planetas não existem! Galáxias, também não. Não existe um lugar especifico como se pressupõe espaços. Tudo está em sua mente. Marte agora é habitada, e embora tenham "enviado" uma sonda pra lá, e visto apenas poeiras e pedras, civilizações e pessoas lá circulam por alamedas arborizadas. Mas tudo é uma questão de vibração, se não vibrar na mesma faixa você não vê! Se um som vibrar diferente do que está programado os seus tímpanos para ouvir, então você não vai ouvir, mas o som vai estar lá mesmo assim! Alguns "visitantes" chegam aqui em seu planeta, e tudo o que eles veem é uma rocha vazia e sem vida... mas às vezes, por um motivo bem interessante e específico, as modulações de ondas de vocês se equilibram, e então, as duas espécies se pegam espantadas em estarem observando umas as outras.

Existir é experienciar uma gama de energia extremamente alta e potente para a sua compreensão atual entender. Cada consciência é como uma energia concentrada e única de milhões de bilhões daquilo que vocês chamam de sol. Mas mesmo o sol não existe, ele foi criado coletivamente por vocês como referência para a luz e calor, um ponto comum de partida para a experiência terrena, e uma forma de justificar aquilo que vocês não podem entender, como o surgimento da vida e o fenômeno de enxergarem as coisas "fora" da consciência. Atenha-se ao fato de que, se uma árvore cai no meio de uma floresta solitária sem ninguém lá para ver ou ouvir, então o som não existiu. Tudo precisa ser percebido pela alma para existir.

E por que tudo isso? Essa sempre foi a verdadeira grande pergunta por trás de todas as religiões e filosofias de seu gênero humano. Por que devemos nos esquecer de quem somos e rastejar na terra como órfãos?

Primeiro, é preciso entender que a maior energia de todas é aquilo que chamam de amor, sei que já repararam, mas ele move o seu mundo, para o bem ou para o mal. O ódio é o amor ao contrário. O mal nada mais é do que a ausência do amor. A esperança é o amor dirigido a uma causa. A força de vontade é o amor transformado em potência. O ciúme é o amor ferido Tudo é, de certa forma, uma manifestação ou sombra daquilo que chamam de amor.

E quando se vive de puro amor, saturado dele por todas as partes, quando você é o vento e as montanhas. Quando não há segredos para ti, e o universo e suas dimensões cabem na palma de sua mão, então é difícil definir quem você realmente é! Por que existir, além de implicar perceber, implica também individualidade. Só existe um Aquele que É! Todo os demais são Eus. Mas, assim na terra como no céu, você só se conhece realmente, depois que conheceu os seus limites, depois que rastejou na lama, e sofreu as piores injurias do mundo. Só aí então sabes quem tu és. E aqueles que te conhecem realmente te conhecerão. Pois é no limite e no sofrimento que a alma humana se forja e se reafirma como um ser individual e único. Não estas aqui por causa de Deus ou do diabo. Estas aqui por que escolheu estar. Por que só longe do amor podes sentir falta dele, e reafirmar a sua necessidade. Por que só longe dele, a despeito dele, pode mostrar que o ama, por que quando você faz algo muito grande em troca de nada, então você mostrou a si mesmo que merece viver junto ao Tudo o Que É.

Por isso, andam correndo atrás do próprio rabo, buscando provas para a imortalidade da alma, a existência de Deus e de recompensas futuras. A sua espécie jamais encontrará essa certeza, por que é da natureza da experiência a dúvida. Por que senão, assim seria muito fácil. "Serei bom, porque certamente serei recompensado no futuro". Vai por mim, quando chegares aqui depois de ter tido esse comportamento, você vai se envergonhar e se arrepender amargamente. Vai se ver como um covarde, que só foi quem foi por segundas intenções. Deverás ser bom, quando todos forem maus contigo. Deverás amar, quando todos te odiarem! Deverás amar o amor pelo amor de amá-lo, por que você o ama tanto que não há outra alternativa, que senão amá-lo! E, quando fizeres isso, o seu ciclo aqui, do que chamas reencarnação, acabará, e seguirá para casa, definitivamente. Trará consigo uma satisfação incomensurável e inenarrável de ter vencido a si mesmo por amor, puro e simples. Porque, individualidade não quer dizer ego. Individualidade é ser reconhecido como um, em meio a todos.

Bom, pra mim aqui o tempo não existe. Vejo neste exato "momento" o inicio e o fim de sua civilização, as suas descobertas e decepções, as suas vitórias e deslizes. E sei como vai terminar. Converso agora, exatamente com você, sobre uma pedra num jardim que nem tentarei descrever, sobre o dia em que leu o meu texto e achou muito estranho. Estamos rindo agora, juntos. Lembre-se, o tempo não existe, mas ele foi uma criação sua, e nada é criado em vão. Aproveite-o. Se chegou até aqui, no final deste imenso texto, que para os padrões de sua civilização em seu atual país é praticamente "ilegível", pois faltam a vocês, tempo, paciência e vontade, é porque se envolveu pelo que leu, e seguiu em frente, mesmo quando leu a "brega" palavra amor. Pratique-o então! Por amor, é claro. Como te adiantei, não vais receber nada em troca, aliás, posso adiantar-lhe que sua vida "piorará" substancialmente ao praticá-lo. Dê uma olhadinha na história do gênero humano, e entenderá o que digo, quando perceber que todos os seus mártires, homens de boa vontade e socialistas, acabaram na pior.

Mas é o seu destino. Um dia vais viver apenas por amor. E embora a sociedade não reconheça isso, lembrará que faz isso apenas para ti, não para ela. Pois a sociedade nada mais é do que um produto amorfo de consciências sem rumo. Entenda, quando eu lhe disser que isso lhe fará um bem danado!

London
Enviado por London em 13/11/2015
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