Um Mês Para se Renascer

Numa noite fria do mês de Junho viu sua vida mudar como jamais imaginava. Graças as suas decisões havia chegado até ali.

Tinha mudado a pouco tempo na busca de se encontrar ou até mesmo pertencer a um lugar. Começava a virar rotina mudar-se, não passava mais de dois anos em um lugar só, mas desta vez via que as coisas seriam diferentes.

Foi recebida pelo vento frio que balançava a cidade nesta época se abraçava na vã tentativa de se aquecer, mas não conseguiu obter nenhum resultado. Fechou os olho e deixou o vento bagunçar seus cabelos, neste momento somente suspirou, não havia mais o que fazer, suspirar sempre fora a sua forma de tentar lutar contra aquilo que não tinha solução, como por exemplo, os ventos, as tristezas e as partidas.

Olhava para a casa que durante algum tempo seria seu lar e riu de si mesma, pois sabia o quanto essa atitude era repetitiva, não se recordava quantas vezes havia largado tudo em busca de um lar e ainda não havia encontrado aquilo que tanto buscava. As luzes estavam todas apagadas era iluminada somente pelos portes da rua que lhe acentuavam o abandono, a tristeza de ter ficado para trás, de provar que foi útil até um certo momento e quando não serviu foi deixada para trás. Era contraditório interpretar estes sentimentos, pois ela mesma havia feito isso tantas vezes, mas sempre que se mudava pensava em como se sentiam as casas que haviam sido abandonadas por seus donos, em como devem ficar se sentindo ao verem que não há mais nada que os prendam ali onde deixaram suas marcas.

Subiu o degrau da calçada e destrancou o portãozinho que dava acesso a casa, analisou o portão e pensou sobre o fato de não gerar grande segurança e servir mais de enfeite do que algo que realmente traga segurança. Lançou o olhar paras as demais casas e percebeu que o mesmo modelo de portão era usado em todas as outras. Nesse instante seu pensamento volta novamente para o fato de vir para um lugar novo e pessoas novas sempre acontecia isso quando via as marcas que os moradores faziam para fazerem parte de uma comunidade, terem para si um lar.

Se virou para a entrada da casa e mais uma vez a tristeza da casa em está só se tornou a sua tristeza. Analisou os restos deixados para trás um vaso com uma planta que não conhecia jogado num canto, alguns enfeites de jardim e outras coisas amontados num cantinho para serem jogadas fora. Abriu a porta e entrou na sala e imaginou como deveria ser a vida ali antes da mudança dos antigos donos, se eram felizes, se tinham crianças e as imaginou correndo pela casa atrás do cachorro da família, imaginou a mãe deles gritando da cozinha para pararem de correr dentro de casa e levarem o cachorro pra fora, pois havia acabado de limpar tudo, sentiu cheiro de bolo recém assado e viu o sorriso da mesma ao preparar o lanche dos meninos. Diferente de agora imaginou a casa cheia de moveis, aconchegante, com calor humano tão latente que se sentia acolhida ali, mas abriu os olhos e se deparou com um lugar completamente vazio e sem vida.

Levaria um tempo até se acostumar ali de novo outrora era uma dessas crianças que corria atrás do cachorro, hoje mal sabia quem era, mudou-se tanto, tentou tanto se achar que acabou voltando para onde prometera nunca mais voltar, pois se sentia grande demais para permanecer ali. Hoje, via que de fato nunca pertenceria a outro lugar a não ser este. Neste momento podia estar como está casa, vazia, sem vida, mas sabia que logo teria vida, teria risada, como houveram anos atrás.

Sempre gostara do mês de Junho está aqui explicado aqui o porquê, não há outro mês para se renascer além deste.