Liberdade
Peço que não me venha com segredos porque não terei estrutura para suportá-los.
Tenta entender que meus fardos são pra lá de demasiados e que minha nota se faz triste.
Prometa uma meia luz, uma dança e aquela música que toca quando trocamos olhares de forma discreta.
Diga que não irá partir tão cedo e que caso o faça, que seja lentamente para que a dor seja suportável também.
Compreenda que não aceito mais receber flores, não quero nada mais que morra em vasos e em menos de uma semana.
Diga a rosa que não a suporto mais, não consigo me transbordar em meio à fugacidade.
Ao bem da verdade, o fugaz me dói e o que é demasiado dolorido não me interessa mais.
Não me prendem a atenção mais os diamantes, que me apedrejam os dedos e me tiram a escolha.
Também não aceito a falta de assunto, televisão ligada e falta de criatividade para o jantar.
Acontece que eu mudei de cheiro, de gosto, de cabelo, de pele, de sina, já me faltam vaidades.
E o que me resta?
Eu chamo de liberdade.