O rufar das entranhas da Terra
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Izabella Pavesi
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P.S. Este texto recebeu Menção Honrosa no III Prêmio Varal do Brasil, 2015.
Um tamborete soava inquieto na tarde de sábado nalgum lugar das redondezas. No horizonte um prenúncio de tempestade. Fevereiro, proximidades do carnaval.
O dia escureceu. Um horizonte assustador. O ronco dos trovões cortando os céus enegrecidos pontuava a cadência. O compassado rufar das entranhas da Terra, mesclava-se aos acordes do tamborete no movimento das mãos do sambista. O som se agitava... e diminuía num ritmo estimulante. Um belo contraste!... Foi-se achegando um vapor quente, escaldante!... penetrando poros e frestas.
Que verão tórrido! Eu suava em bicas, empapada minha roupa grudava na pele. O calor chegara aos 40 graus pelo meio-dia e foi se infiltrando pela atmosfera, esquentando a crosta terrestre e se aglutinando nas nuvens formadas no firmamento. Imaginem... nuvens prateleiras na abóbada acima de nossas casas. Esses graus acima da média iam derretendo cremes, mantimentos, folhagens,... como se as partículas se soltassem de uma chapa quente. Lembrei das enchentes que assolaram muitas vezes a casa dos meus pais em Blumenau, vinham arrastando tudo.
Os raios em ebulição entre o norte e o sul do firmamento explodiram!... Atingiram uma árvore lá longe, e depois de seguidas descargas, um deles golpeou estrondoso o transformador nas redondezas da minha rua,... e buum!... aniquilou a energia elétrica da praia do Sonho. Nosso bairro ficou às escuras... cãozinhos choramingavam assustados.
Acendi umas velas. As chamas acesas projetavam labaredas pela sala escura. E aí ele voltou... o som do tamborete suave cadenciado num harmonioso repicar, seu toque enternecedor contrastando com o negrume das prateleiras em penca no firmamento, que iniciaram a cair numa grossa chuva... ameaçadora!... Desceu, então, a borrasca! Quanta água, quanta chuva!... Os raios continuavam a explodir. A terra agonizante mostrava enraivecida todo o seu furor. Nos fundos da casa, um jorro d’água descendo da calha do telhado gorgolejava jocoso. Aí ouviu-se: crrreeeccrcrcrcc... e a calha cedeu... caiu pelo chão retorcida. Nossa!... um desmesurado caos!
O sono veio acalentar-me. Apaguei as velas (solidárias!) e aconcheguei-me às almofadas. A energia elétrica nos postes e nas casas só retornou pela madrugada, após idas e vindas dos técnicos de plantão.
Os desmandos dos seres humanos, que não estão dispostos a cuidar desse planeta, está vindo à tona a cada dia que passa. Os habitantes desse lindo lugar ainda não se deram conta dos descalabros que agridem nosso planeta, da efervescente ebulição que se esconde no interior da Terra. É hora de nos conscientizarmos de que está em nossas mãos a solução pra esses desvarios!... O contorno dos lagos se modifica a cada dia, perdendo seu precioso líquido pra uma multidão desperdiçante. Baleias estão morrendo com a ingestão de porcarias depositadas no mar pelos homens. Incidentes dramáticos repetitivos acabarão impedindo a nossa vida no Planeta Terra! Salvemos nossas vidas!... Ainda é tempo!
O dia escureceu. Um horizonte assustador. O ronco dos trovões cortando os céus enegrecidos pontuava a cadência. O compassado rufar das entranhas da Terra, mesclava-se aos acordes do tamborete no movimento das mãos do sambista. O som se agitava... e diminuía num ritmo estimulante. Um belo contraste!... Foi-se achegando um vapor quente, escaldante!... penetrando poros e frestas.
Que verão tórrido! Eu suava em bicas, empapada minha roupa grudava na pele. O calor chegara aos 40 graus pelo meio-dia e foi se infiltrando pela atmosfera, esquentando a crosta terrestre e se aglutinando nas nuvens formadas no firmamento. Imaginem... nuvens prateleiras na abóbada acima de nossas casas. Esses graus acima da média iam derretendo cremes, mantimentos, folhagens,... como se as partículas se soltassem de uma chapa quente. Lembrei das enchentes que assolaram muitas vezes a casa dos meus pais em Blumenau, vinham arrastando tudo.
Os raios em ebulição entre o norte e o sul do firmamento explodiram!... Atingiram uma árvore lá longe, e depois de seguidas descargas, um deles golpeou estrondoso o transformador nas redondezas da minha rua,... e buum!... aniquilou a energia elétrica da praia do Sonho. Nosso bairro ficou às escuras... cãozinhos choramingavam assustados.
Acendi umas velas. As chamas acesas projetavam labaredas pela sala escura. E aí ele voltou... o som do tamborete suave cadenciado num harmonioso repicar, seu toque enternecedor contrastando com o negrume das prateleiras em penca no firmamento, que iniciaram a cair numa grossa chuva... ameaçadora!... Desceu, então, a borrasca! Quanta água, quanta chuva!... Os raios continuavam a explodir. A terra agonizante mostrava enraivecida todo o seu furor. Nos fundos da casa, um jorro d’água descendo da calha do telhado gorgolejava jocoso. Aí ouviu-se: crrreeeccrcrcrcc... e a calha cedeu... caiu pelo chão retorcida. Nossa!... um desmesurado caos!
O sono veio acalentar-me. Apaguei as velas (solidárias!) e aconcheguei-me às almofadas. A energia elétrica nos postes e nas casas só retornou pela madrugada, após idas e vindas dos técnicos de plantão.
Os desmandos dos seres humanos, que não estão dispostos a cuidar desse planeta, está vindo à tona a cada dia que passa. Os habitantes desse lindo lugar ainda não se deram conta dos descalabros que agridem nosso planeta, da efervescente ebulição que se esconde no interior da Terra. É hora de nos conscientizarmos de que está em nossas mãos a solução pra esses desvarios!... O contorno dos lagos se modifica a cada dia, perdendo seu precioso líquido pra uma multidão desperdiçante. Baleias estão morrendo com a ingestão de porcarias depositadas no mar pelos homens. Incidentes dramáticos repetitivos acabarão impedindo a nossa vida no Planeta Terra! Salvemos nossas vidas!... Ainda é tempo!
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Izabella Pavesi
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P.S. Este texto recebeu Menção Honrosa no III Prêmio Varal do Brasil, 2015.