O Indiferenciado sem forma

O Indiferenciado sem forma

Antes de abordar o Não Nascido, o Insondável, desfaço de qualquer pretensão torná-lo mensurável, audível, entendível pelo Homem pela via do Intelecto. O seu bastar em mim superabunda de tal maneira que desaparece o “Eu Sou Diamantino,” que acredito existir na constituição máxima superior da minha individualidade.

Sua Onipotência, Onisciência, e Onipresença, irradia à partir de dentro do ponto zero do meu coração, não tem origem, causa, ou qualquer outro derivado que possa ser considerado como princípio, esse fluxo sem causa que me impregnou alcança o outro, meu irmão de caminhada, quando dirijo o olhar aos meus iguais, sinto refletido no outro a expansão Dele, traduzível num amor imensurável.

No Filme Rei Davi, com o ator Richard Gere, representando o autor dos Salmos no Livro Sagrado dos Cristãos, Rei Davi, ao despedir dos entes queridos em sua caminhada na terra dizia:”Que Deus brilhe em seu coração como você brilha no meu”, sincretismo metafísico poético inenarrável em beleza a expressão usada pelo Salmista quando demonstrava o Amor ao Insondável sobre todos as coisas, e ao próximo como a si mesmo.

No que se trata da minha modesta pessoa, infinitamente inferior em visão interior desperta e sabedoria divina em relação a do Salmista, resta voltar para aquilo que tornei vencida, fui pega, agraciada pelo Imorredoura compaixão do meu proprietário genuíno em canalizar-me na intimidade do amor incondicional desperto por Ele. Agora fico aqui, “na soleira da porta”, sentindo este afeto supremo que transcende qualquer outro vivido aqui.. Mesmo em relação aquele sentido aos íntimos de minha convivência, pai, mãe, filha, e afins. Este realizar no amor incondicional ao Insondável torna legítimo o sentimento que externo aos meus irmãos de caminhada.

A compaixão, aquele sentimento que transforma aquilo que pela razão me tornaria sofredora naquilo que Nós, enquanto Humanidade, não conseguimos resolver, passo partilhar do olhar do outro naquilo que não posso resolver, transformando tudo na intrepidez de que estou no caminho certo, o da Construção da Grande Obra, aquela desenhada por todos, estabelecida pelo Insondável.

Não sei onde iremos chegar, é certo que garantido está o nutriente hábil a estar na lida, no caminho de ida, o amor incondicional ao Incrido, que é encontrado no profundo sem fundo dos nossos corações, autorizando o pintar... desenhar... apagar...desenhar quantas vezes a Humanidade desejar, a bem da nossa evolução, permitindo, se assim quisermos, o polir da alma, amaciar, a bem do devir.

Enquanto isso o beija-flor saboreará o néctar doado pelas flores, o macaco-prego, habitante da região central do nosso país, quebrará o seu alimento com a pedra ideal, depois de deixar secando por uma semana, e alimentar; o polvo-fêmea de um canto do mundo, nas profundezas do oceano, guardará seus ovos até o nascimento, doando toda sua energia, alimento aos futuros filhos, até morrer, não conhecendo seus próprios herdeiros genéticos; Os Rinocerontes, hipopótamos, leões, tubarões, e demais mamíferos, pela lei do mais forte garante a liderança do grupo, e o acasalar com as fêmeas, pela força do mais forte do grupo.

O Salmão, peixe que na vida adulta vive nas águas do oceano, viajará no período da procriação de volta ao lugar onde nasceu, lugar de água doce, e ali, após mutarem-se em macho e fêmea, os sobreviventes fundirão seus caracteres da criação e darão origem os seus sucessores, que, antes do nascimento dos mesmos, coletivamente morrerão, sem conhecê-los

Ele, o Insondável, acredito estar além do bem e do mal, no observatório central sem centro, desafeto do espetáculo, descansado quanto aos resultados de tudo que criou, afinal primordialmente concedeu o livre arbítrio ao homem para escolhas, desafiou todos a exercer a vontade, reservou a si o poder soberano da vontade de podar as arestas, conservando o bom e o ruim, o forte e o fraco, o feio e o bonito, o alto e o baixo, o primeiro e o derradeiro no devir, decidindo a rota, escondido do intelecto do homem a identificação dos seus ajustes na história escrita pela mão de todos.

Quando desapareceram as nuvens numa altura da caminhada, assentada a poeira, ficou “Eu” aqui, desaparecendo o ontem, e o amanhã. Degusto das palavras sagradas deixadas por nossos ancestrais. Lo-Tsé, sábio oriental, no Livro Tao te King, chegou no limiar, distância limítrofe da possibilidade do intelecto obter um vislumbre do que pode ser o “Não Ser”, O Insondávél, que para ele, sob a forma sem forma nomina de “Tao”, disse:

Há algo indefinido porém perfeito

Antes do céu e terra

Silente! Apartado!

fica só

não muda

tudo pervade

nada periga

pode ser considerada a mãe sob o céu

eu não sei seu nome

dou-lhe a grafia-(Dao)

forçado a nomeá-lo digo:

grande

grande soa:

além

além soa:

longínguo

longínquo soa:

retornante

portanto

o Tao é grande

o céu é grande

a terra é grande

o mediador é grande

no universo há quatro grandes

o mediador é um dos quatro

o homem segue a terra

a terra segue o céu

o céu segue o Tao

o Tao segue a si mesmo

Fico aqui, como telespectadora do olhar deste mestre, e de tantos outros que tiveram a coragem de caminhar rumo aos extremos do desconhecido e expressar pela dança sagrada das palavras a experiência surreal vivida. Que compaixão tiveram de nós, desafiaram seus próprios limites em prol da clarividência interior nossa. Sem pretensão de receber mérito ou desaprovação. IsTo fica claro em outra passagem escrita por Lao-Tsé, no mesmo livro:

Na ponta dos pés

não se firma

escarranchado

não se anda

quem se exibe

não brilha

quem se afirma

não figura

quem se vangloria

não tem mérito

quem se enaltece

não perdura

isto em relação ao Tao soa:

superfluidade

parasitismo

coisas que todos abominam

portanto

quem no Tao

nelas não incorre

Me nego sair desta freqüência, cada vez mais filio àqueles que buscaram no NADA a sintonia com o divino em nós. Cada vez que avanço em conhecimento, diminuo a capacidade intelectiva para expressar o amparo amoroso do Imorredouro por mim, como apreciador da obra feita, fica no arcabouço sem fundo do meu coração assistindo com olhar equânime meu trabalho, desafeto dos resultados, sem ânsia ou qualquer interesse de tumultuar minhas escolhas. Concede tão somente a graça da fé inabalável de sua presença em mim, autorizando minha ida todas as manhãs, quando sou desperta para iniciar o dia.

Como bom Pai, outrossim, o Soberano, Pai dos pais da Criação Libertária, e até mesmo ortodoxa(correntes teóricas criadas por mim, descritas no Livro Cômodos da Casa) , se presta servir de referência para o minha Alma ser polida por mim mesma. Aprendo com Ele por meio dos seus filhos adiantados no conhecimento do caminho, da verdade, e da vida. O eleito por mim em praticidade didática, e metodologia, foi a Paidéia apresentada aos seus irmãos, principalmente a nós do ocidente, o mestre Jesus Cristo.

Disse, numa certeza inabalável: “Eu Sou o caminho, a verdade, e a vida. Ninguém vai ao Pai, senão por mim.”, como semeador, planta por meio de suas palavras que eternizaram no Livro sagrado Cristão, sementes em nossos corações, dependerá da irrigação com amor de nossas ações, para darmos bons frutos, que alimentará nós e todos que estiverem conectados na mesma sintonia.

A paz, o coeso, a equanimidade, o bom senso, o amor, são as palavras de “guerra” que persigo, nada excedendo, e muito menos ficando inferior àquilo que precisa para “Eu” contribuir com meus irmãos de caminhada no realizar da grande Obra, aquela estabelecida pelo Insondável.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 01/10/2015
Código do texto: T5400550
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