UM PAPO ABSORVENTE
Eu estava deitado no sofá lendo um livro que eu nem sei mais qual era. Foi quando meu sobrinho, o Lelo, com aquela cara de quem quer fazer uma pergunta, se aproximou de mim. Dei uma pausa na leitura, e disse:
_ Desembucha, Lelo!
_ Tio, o que é "absorvente"?
_ É daqueles que a gente compra na farmácia?
_ É... é desse mesmo, minha mãe pediu pra comprar.
"Me ferrei"! Pensei. Quase o mandei perguntar para o próprio pai. Não existem respostas em forma de parábolas ou fábulas pra essa pergunta, como existem para quando eles perguntam sobre de onde a gente vem. Pensei... resolvi reponder na lata, sem subtertúgio. Mas de modo que ele entendesse, mesmo porque eu também não sou um perito sobre o assunto.
_ Escute Lelo, as mulheres depois de certa idade começam a soltar sangue pela periquita. Por isso elas colocam o absorvente para "absorver" o sangue. Entendeu?
Ele estava com os olhos esbugalhados e com cara de nojo.
_ Se você quiser eu te explico com mais detalhes. Você quer?
_ Nãaaaaao!!! Eu entendi tudo.
Ele saiu correndo para a rua, para brincar de bola com os amigos. Totalmente esquecido da incumbência que a mãe lhe dera. Imagino que o saber que lhe dei não era grande coisa, talvez nem mesmo exato, mas ele era o suficiente naquele momento. Depois disso ele me fez várias perguntas, e eu respondi com a mesma qualidade de resposta. E eu voltei para a leitura com aquela sensação agradável de dever cumprido.