"CARROÇA VAZIA" Conto de: Flávio Cavalcante
CARROÇA VAZIA
Conto de:
Flávio Cavalcante
Eu fico estupefato e impressionado com as lições simples e importantes que a própria vida nos dá que se parássemos para refletir, com certeza seríamos mais humildes e passaríamos a enxergar o quanto é importante termos o respeito e cuidado com o nosso semelhante.
Às vezes de um singelo desabrochar de uma linda flor num belo jardim, tiramos dali grandiosas lições que certamente vão servir de carapuça na cabeça de muita gente. Uns vão entender a lição e o recado que a natureza está transmitindo; outros, vão enxergar; mas, também vão insistir em permanecer oculto como se não estivesse entendo lhufas.
Aconteceu um desses exemplos numa cidade de um interior muito atrasado. Uma família campineira vivia numa pequena fazenda propriedade de um homem muito rico considerado o Coronel da cidade, patente está recebida por ser um homem de riqueza e dono de quase todo lugar daquela região, até onde as vistas pudessem alcançar as terras. Nesta fazenda existia um monte de terra onde os animais catavam cada ramo da vegetação rasteira para garantir a alimentação e em consequência garantia mais lucro para o senhor proprietário o todo poderoso.
Seu Antônio cuidava para manter a Fazenda em ordem e produtiva. Ele é a família eram funcionários veteranos do Coronel. Sua esposa, a dona Clara cuidava da pequena casinha feita toda de taipa e barro batido. Enquanto seu único filho, o Jorginho, ajudava seu Antônio a administrar com perfeição e talento a propriedade, deixando o coronel tranquilo por saber que seu patrimônio estava entregue nas mãos de uma pessoa de sua inteira confiança.
O caro leitor deve estar se pergunta o que tem a ver o título do nosso conto com esse preâmbulo todo; mas, relato aqui só para ilustrar a lição que a vida dá para as pessoas e só as humildes que dão valor ao singelo é que conseguem enxergar com clareza e facilidade a mensagem transmitida.
Toda de manhãzinha, Jorginho no meio do pasto, ouvia um barulho de uma carroça do outro lado do morro. E o rapaz inexperiente das lições da vida interrogou o velho seu Antônio que escutava pacientemente o seu filho.
- PAI, O SENHOR ESTÁ ESCUTANDO ESSE BARULHO?
O velho parou pra escutar o tal som que o Jorginho havia escutado primeiro, já que a sua idade avançada não permitia ter tanta perfeição em suas atividades auditivas.
- FILHO, ESQUECEU QUE O SEU VELHO PAI, NAO TEM MAIS A SUA IDADE?
Retrucou seu Antônio, amável e sorridente. O menino insistiu dizendo ao pai que o barulho era de uma carroça muito pesada. O pai continuou a tentar ouvir o tal barulho que tanto chamava a atenção do seu filho.
- Agora sim, filho. Estou escutando muito bem o barulho e parece vir atrás do morro.
O menino ficou preocupado com peso que estava na carroça, achando ele que tinha que fazer alguma coisa para aliviar o sofrimento daquele animal. Seu Antônio já calejado de experiências na vida retrucou com um ar sorridente.
- Meu filho. Escute bem o barulho que está carroça está fazendo. Ela está vazia. É muito barulhento.
E o menino continuou duvidando do pai dizendo que quanto mais eles demorassem o animal ia sofrer ainda mais. E o velho convidou o garotão a acompanhá-lo até o topo do morro para comprovar que a carroça estava vazia ou cheia de fato. Ambos subiram até lá e comprovaram que a experiência do anoso contou bastante. A carroça realmente estava vazia. Inconformado o menino retornou a interrogar o seu velho pai.
- Já pude crê que tenho muito o que aprender, meu pai.
O velho sábio retrucou novamente amavelmente.
Meu filho! A própria vida na sua simplicidade nos dá a resposta pra todas as perguntas. Quando a carroça está cheia e pesada ela não tem espaço para tanto barulho.
ASSIM ACONTECE COM CADA UM DE NÓS. QUANDO ESTAMOS PESADOS DE CONHECIMENTOS, NÃO DAMOS ESPAÇO PARA COISAS FÚTEIS. PESSOAS VAZIAS SÃO BARULHENTAS PORQUE QUEREM MASSAGEAR O EGO E MOSTRAR Á TODO CUSTO QUE SÃO MELHORES QUE TODO MUNDO O QUE NÃO É UM FATO.
Flávio Cavalcante