O menino poeta
Havia, no sertão pernambucano, um menino; tinha uns dez anos, por aí.Esse menino fazia poesia; poesia matuta, como é conhecida por lá.Os pais do menino - gente muito simples, muito sofrida - estavam orgulhosos do talento do filho, e quando chegava , na região, uma pessoa importante, lá estava o menino poeta recitando os seus versinhos.
Um certo dia, um político famoso, acompanhado de sua esposa, estava em visita aquele lugar.A esposa do político era uma mulher elegante, muito fina e gostava de artes , e sabendo dos dotes poéticos daquele pequenino, quis conhecê-lo. Os país do menino, naturalmente, muito satisfeitos, apresentaram o menino ao nobre casal , e pediram para que ele fizesse uns versos homenageando aquela ilustre senhora. O menino recusou, não simpatizou com aqueles desconhecidos. Os pais insistiam, insistiam, e não houve outro jeito, o menino acabou cedendo, e fez o verso:
---- a mulher pernambucana é formoso, é gostosa , como uma cana caiana, um pedaço de manga, como carne de caju.
Morena das perna roxa, queria eu, beijar tua boca, e
Passar a mão no teu...
O pai , em desespero, pôe a mão na boca do menino e diz para o político:
--- poeta moderno não rima, é passar a mão no cabelo.
O menino se livra da mordaça, sai correndo, e conclui a rima.
O LEITOR DEVE ESTAR IMAGINANDO QUAL FOI