E L E ... !
Era uma criatura tão interessante
que não assustava os pássaros em
sua passagem... parava lagartos
nas pedras...
Estava pórem tão maltrapilho, que
podia ser espantalho de plantações
ou figura assustadora pela pobreza
nas calçadas... mas os que dele se
aproximavam, não sentiam nenhum
resquício de sujeira.
Quando falava todos ouviam, parecia
um orador que cativava os homens...
Era amigo dos cachorros e gatos
da rua, e dos meninos desamparados...
Gostava dos andarilhos e desajustados
e fazia companhia a desacreditados...
Na noite, era bom amigo...
Suas palavras cobriam de paz o frio
das madrugadas... tinha sempre um
café bem quente em seu mísero
recanto...
De dia, os homens riam de sua presença,
os engravatados da Bolsa, os banqueiros
os comerciantes... tudo gente de fé na
grana...
Ele não ligava e lhes dizia :
- Tenham bom dia, trabalhem com amor...!
Assim vivia, assim viveu... até que um dia
desapareceu...
Foram ao seu canto, e só encontraram
um papel rabiscado com iniciais :
I N R I ... !