Uma Rosa para Berlim- A Verdade.
Acordo no dia 6 com som de alarme. É a chamada para
todas as presas acordarem. Eu e todas as minhas amigas vamos ao
banheiro e fazemos tudo o que temos que fazer. Pouco depois rece
bemos a nossa primeira refeição e depois vamos todas para a gran
de horta e passamos a cuidar das verduras. Mais tarde almoçamos
e depois descansamos meia hora e voltamos ao trabalho.
Vejo soldados ao longe perfilados e outros levando hortali
ças para um caminhão. percebo que eles colocam as armas em
um paiol nos fundos e ficam praticamente desarmados.
- o quê que está pensando, menina?- perguntou Karla chegando de
mansinha e batendo com a vara no meu ombro direito - tem algo
em mente que eu não possa saber?
Viro-me assustada e falo:
- nada não !
-vamos mostrar-lhe o que acontece com pessoas curiosas.
- só estava olhando ! - Explico. Mas ela não me escuta e pratica
me arrasta para junto dos soldados. Tento resistir mas, ela é
mais forte e me leva até eles.
- Uma pessoa curiosa observava todos os movimentos de vocês.
Um sargento de estatura mediana se aproxima com cara de poucos
amigos se aproxima de mim e me segura pelos longos cabelos.
- Quer conhecer lá dentro?
- Não senhor !- Respondo rapidamente.
- Quer sim !- Grita Karla me empurrando para o paiol - E vai lim
pá-lo todo !- e me empurra para junto de umas vassouras que
estão amontoadas em um canto - limpe o paiol 1
E assim pego em uma vassoura e começo a limpar tudo. Chega a
hora do almoço e Gudrun traz minha comida. Não deixam Gudrun
sair e passamos a limpar cada lugar do paiol e a observar todo
o armamento que tem nele. Erika e Marija chegam trazidas pelo
sargento e assim passamos a tarde limpando tudo. Anoitece e
Karla nos leva para junto de nossas amigas.
- Observou tudo direitinho ?- perguntou Karla olhando para mim.
- Observar o quê ? - pergunto meia desconfiada.
- Posição das armas e as portas como são ?
- Não entendi !- falo ficando meia desconfiada.
Frigga começa a rir e vem até mim e então fala :
- Karla é uma infiltrada e nos quer em uma operação. - sorri
- como assim ?- pergunto olhando para Frigga.
- Se ela deixou acontecer conosco o que aconteceu, era porque
ela sabia que aguentaríamos. Karla é Francesa e está aqui para
libertar essas prisioneiras e,...- me olha muito séria- ela sabia
de tudo que vocês passaram e se aguentaram, poderiam aguen
tar mais essa para uma causa maior.- olha para todas nós ao
mesmo tempo - foram escolhidas para levarem, comigo, essas
garotas para a França.
- Vou colocá-las no paiol para que estudem cada detalhe das
armas e dos soldados que transitam por lá ! - disse Karla olhando
uma-por-uma - deverão estudar quem é quem e como se locomo
vem. Quem manda em quem e onde e como guardam a munição.
- Entenderam tudo? - perguntou Erika dando um passo à frente-
sabemos que todas sabem manusear armas.
E assim somos liberadas para dormir e, durante 5 dias estudamos
cada detalhe e nos fortificamos com uma boa refeição. Soldados
vem-e-vão e nada percebem. As prisioneiras fazem programa
de noite e estão acostumadas. No dia 11 de maio de 1940 ficamos
sabendo da invasão da França. A operação deverá continuar e pas
samos o dia conversando com os soldados.